Exatamente três ano atrás, ocorreu o maior acidente de trabalho da história do Brasil. Entre empregadas e empregados diretos, terceirizadas e terceirizados, bem como outros trabalhadores que operavam ou residiam nas cercanias de Brumadinho-MG, 259 pessoas foram mortas e 11 ainda seguem desaparecidas, para além de uma infinidade de feridas e atingidas em seus patrimônios.
O desastre – que nada teve de natural, tendo motivações estruturais decorrentes das práticas econômicas da Vale S.A. – não se limitou ao seu efeito imediato na vida destas pessoas. Consequências ainda imensuráveis seguem assolando as comunidades tradicionais – ribeirinhas, indígenas, quilombolas – que vivem às margens do Rio Paraopeba, bem como das cidades que o rio cruza. Os rejeitos do minério de ferro resultaram em um dos maiores espectros de contaminação ambiental existentes no país.
Economicamente, diversas pessoas passaram a viver a mazela do desemprego por consequência da interrupção das atividades minerárias.
Críticos à prática da empresa, nos mais diversos espectros políticos, convergiram em um ponto: a necessidade de responsabilização dos agentes causadores deste imenso desastre.Até o momento, a reparação das vítimas segue a passos de tartaruga, e apenas empregados de baixo escalão – todos pressionados estruturalmente para cumprimento de suas atividades – acabaram por enfrentar ineficientes noites no cárcere.
Quem são os principais acionistas da Vale S.A., maiores interessados em seu moto de lucratividade aparentemente inarredável? Quais são os diretores que sabiam dos riscos a que a barragem estava sujeito? Quem foi o responsável por abrandar os rigores na fiscalização para implementação e manutenção de empreendimentos minerários em Minas Gerais? Quais são as alternativas econômicas, ecológicas e sociais para as populações dependentes da mineração? De que modo devemos buscar uma alternativa de desenvolvimento que nos liberte da lógica do crescimento econômico – que é apenas o crescimento da dependência capitalista – e da extração minerária?
Enquanto não buscarmos respostas políticas a estas indagações , novas Marianas e Brumadinhos virão.