Nota do Nouveau Parti Anticapitaliste (NPA), 7 de julho de 2024
A principal lição dos primeiros resultados deste segundo turno é o revés sofrido pelo Reunião
Nacional (RN) e seus aliados. A derrota de centenas de candidatas e candidatos fascistas, racistas, islamofóbicos, antissemitas e ultrarreacionários apresentados pelo RN é um imenso alívio para pessoas racializadas, mulheres, LGBTI+, trabalhadoras e trabalhadores. Esta vitória da esquerda unida interrompe a dinâmica da extrema direita, que, apesar de tudo, ganhou cerca de cinquenta assentos a mais. A derrota da extrema direita de Bardella e Le Pen foi fruto da mobilização popular, formada graças ao impulso unitário causado pela criação da Nova Frente Popular.
Esta já é umavitória para a Nova Frente Popular, que foi possibilitada pela união de toda a esquerda (política, sindical e associativa), mas também e sobretudo pela mobilização de base de amplos setores das classes populares, em particular das pessoas racializadas e jovens, que se engajaram por toda parte para barrar o RN. Esta mobilização permite a chegada à Assembleia Nacional de um grande número de deputadas e deputados da Nova Frente Popular (com uma maioria relativa para a França Insubmissa), eleitos com base em um programa que rompe não apenas com o macronismo a serviço dos ultrarricos, mas também com a esquerda liberal do quinquênio Hollande, que havia feito a política da direita.
A derrota do RN não nos deve fazer esquecer que ele teve um aumento significativo no seu número de deputados e continua a ser uma ameaça para as pessoas racializadas, para os direitos sociais e para as liberdades democráticas. Não deve também ocultar a derrota dos macronistas, que perderam um terço de seus assentos. Se eles ainda mantêm tantos deputados, devem isso aos eleitores e eleitoras de esquerda, que em grande parte votaram neles no segundo turno para barrar o RN. Este voto útil não muda em nada os resultados eleitorais: tanto nas eleições europeias como nas eleições legislativas, Macron e Attal foram claramente desautorizados e, portanto, não têm mais legitimidade para pretender dirigir o país. Hoje, Macron não tem outra opção a não ser se submeter à vontade popular e permitir que um governo de esquerda aplique o programa da Nova Frente Popular, que agora tem a
legitimidade das urnas. Caso contrário, ele deve sair.
Esse descontentamento também se dirige à 5ª República e às suas instituições autoritárias e pouco democráticas. A mobilização popular, marcada por uma participação inédita em décadas, também aponta para a necessidade de avançar em direção a uma Assembleia Constituinte, para uma verdadeira democracia da maioria.
A partir de agora, os compromissos assumidos devem ser cumpridos e todas as medidas de emergência previstas pelo programa da Nova Frente Popular devem ser aplicadas, começando pela revogação da contrarreforma da previdência e da reforma do seguro-desemprego. Isso só será possível se a dinâmica popular se mantiver e se expandir. Isso implica construir na base os coletivos da Nova Frente Popular, abertos a todas e todos, que poderão ampliar o movimento e organizar mobilizações e greves nos próximos meses. Devemos continuar a fazer uma frente juntos. Nenhum governo de união nacional pode responder às aspirações expressas nas urnas hoje. Devemos permanecer unidas e unidos para agir, debater e traçar uma perspectiva de emancipação que afastará duradouramente a extrema direita, em torno de uma esquerda de combate e de ruptura, uma esquerda que possa transformar radicalmente esta sociedade!
Montreuil, domingo, 7 de julho de 2024.