Achile Mbembe
Esquecemos com muita freqüência que Frantz Fanon pertence a uma geração que, em duas ou três ocasiões, passou no teste do desastre e, na experiência do fim do mundo que cada catástrofe traz, de forma indivisível. Ele poderia facilmente ter sido uma das inúmeras vítimas da Segunda Guerra Mundial, da qual participou com a idade de dezenove anos. Lendo Pele Negra, máscaras brancas e Os Condenados da Terra, não fica dúvida sobre isso. Ele conhecia a colonização, sua atmosfera sangrenta, sua estrutura de asilo, suas muitas feridas, suas formas de arruinar a relação com o corpo, a linguagem e a lei, seus estados inauditos, a guerra argelina.
Estas duas provações - o nazismo e o colonialismo - às quais devemos acrescentar o amargo encontro com a França metropolitana e os primeiros vislumbres da independência africana, não são apenas experiências fundadoras, mas as chaves para ler toda sua vida, sua obra e sua linguagem. Ele emerge inteiramente do molde que esses eventos impuseram e se mantém firme no intervalo que os separa e os une (1). É lá, nestas três clínicas do real, que nasce, cresce e se esgota o nome Fanon. A estas três cenas – e através delas a injunção de cura que percorre cada uma delas – devemos a essência de suas palavras, essência semelhante, em sua beleza dramática, sua plenitude e seu brilho luminoso, ao verbo cruzado do homem-deus ameaçado pela loucura e pela morte (2).
Verbo na cruz e, assim, levado à respiração e à disseminação, pois, do início ao fim, é apenas uma questão de gênese, de nascimento de novas formas, de parto, de criação sem fim. É apenas uma questão do que é iminente, em germe; do que começa, do que nasce, se abre, se cria, emerge sob nossos pés, neste aqui e agora, além mesmo das esperanças humanas, na urgência, no “toda a vida” e no amplo mar aberto pelo próprio mundo revelado como tal, uma carne aberta e prometida ao imprevisto do encontro.
É apenas uma questão, é preciso dizer, da luta e do futuro que devem ser abertos a todo custo. O objetivo desta luta é produzir vida, derrubar as hierarquias instituídas por aqueles que se acostumaram a vencer sem estar certos, com a "violência absoluta" desempenhando, neste trabalho, um papel desintoxicante e instituinte. Esta luta tem uma tripla dimensão. Em primeiro lugar, visa destruir aquilo que destrói, amputa, desmonta, cega e provoca medo e raiva - tornando-se algo. Em segundo lugar, tem a função de aceitar a queixa e o grito do homem mutilado, daqueles que, tendo sido depostos, foram condenados à abjeção; de curar e, eventualmente, de curar aqueles que foram feridos, violados e torturados pelo poder, ou simplesmente levados à loucura. Finalmente, visa a trazer à tona um novo sujeito humano, capaz de habitar e compartilhar o mundo, para que possam ser resturadas as possibilidades de comunicação e reciprocidade, sem as quais nem a dialética do reconhecimento nem a linguagem humana podem existir.
A essa tarefa gigantesca, Fanon chamou de "sair da grande noite", "libertação", "renascimento", "restituição", "substituição", "emergência", "desordem absoluta", ou "andar o tempo todo", “noite e dia", "para criar um novo homem", "para encontrar outra coisa", para forjar um novo sujeito humano a partir da "argamassa do sangue e da ira", livre da carga da raça e livre dos atributos da coisa. Um assunto quase indefinível, sempre sobrando porque nunca é terminado, como um desvio que resiste à lei e a qualquer limite.
Quanto ao resto, e muito melhor que outros escritos da época, os textos de Fanon revelam a extensão do sofrimento psíquico causado pelo racismo e a presença vívida da loucura no sistema colonial (3). De fato, numa situação colonial, o trabalho do racismo visa, antes de tudo, abolir qualquer separação entre o eu interno e o olhar externo. É uma questão de anestesiar os sentidos e transformar o corpo do colonizado em algo cuja rigidez lembra a de um cadáver.
À anestesia dos sentidos se soma a redução da própria vida à extrema miséria da necessidade. A relação do homem com a matéria, com o mundo, com a história torna-se uma simples "relação com a comida", disse Fanon. Para uma pessoa colonizada, ele acrescentou, "viver não é incorporar valores, é fazer parte do desenvolvimento coerente e frutífero de um mundo". Viver é simplesmente "não morrer", é "manter a vida". E ele conclui: "A única perspectiva é esta barriga cada vez mais estreita, que é cada vez menos exigente, mas que deve ser satisfeita da mesma forma".
Esta anexação do homem pela força quase fisiológica da necessidade e da matéria do estômago constitui o "tempo antes da vida", a "grande noite" da qual se deve sair. Reconhecemos o tempo antes da vida pelo fato de que, sob seu domínio, não se trata de o colonizado dar um sentido à sua existência e ao seu mundo, "mas sim de dar um sentido à sua morte". Fanon começou a esclarecer as expectativas desta disputa e a decidir a favor das "reservas de vida".
Mais do que um trabalho acabado, Fanon terá nos deixado uma tela que ele mesmo tentou tecer no decorrer de uma curta, arriscada e, no final das contas, inédita existência. Porque, como uma tela inundada, o texto de Fanon apresentou aos críticos uma série de dificuldades que foram ao mesmo tempo uma oportunidade - a de poder reescrevê-la e reinterpretá-la uma e outra vez, sem nunca poder apropriar-se dela em verdade, muito menos esgotá-la (4). No entanto, no meio século após sua morte, muitas tentativas foram feitas para atribuir a ele projetos de natureza política ou teórica (5). Não há nenhuma região do mundo hoje que, de uma forma ou de outra, não tenha acolhido o nome de Fanon. Uma verdadeira "biblioteca Fanon" nasceu e permitiu, por sua vez, a constituição de um rico campo de estudo, rizomático e, hoje, de alcance planetário.
Este campo se desenvolveu em três estágios, períodos de esquecimento ou presença fantasmagórica, se alternando com períodos de "retorno" e disseminação a partir de um foco irradiante (6). O primeiro destes focos foi a África na era da práxis revolucionária, a era das grandes lutas de emancipação que abalaram os primeiros três quartos do século XX - as lutas anticoloniais propriamente ditas, as lutas anti-imperialistas e a luta contra o apartheid.
A práxis anticolonial
Muito tem sido dito da dívida de Fanon com o existencialismo, a psicanálise e o marxismo, e como ele negociou suas difíceis relações com essas correntes de pensamento que eram tão poderosas em seu tempo. Mas, conforme que surgia uma práxis anticolonial, cujo significado era verdadeiramente universal e da qual a África era um dos centros radiantes durante o século XX, esta práxis não ia sendo (como não foi) suficientemente apreciada para o pensamento em geral naquela época. O trabalho de Frantz Fanon é parte integrante de uma rica tradição africana de reflexão crítica sobre temas relacionados com o advento do sujeito humano, o renascimento da África e a "decadência" do mundo (7). Esta tradição, que data pelo menos do século XIX, é diaspórica e seus centros estão localizados na periferia do Atlântico (8). O movimento de idéias geralmente segue um arco do Caribe para os Estados Unidos antes de retornar à África (9). A Europa é aqui apenas um lugar de passagem ou de trânsito.
Com Fanon, porém, a mudança é do Caribe para a África. As ideias produzidas no caldeirão africano são então transportadas para a América, onde são reapropriadas por movimentos cívicos negros e ativistas radicais. Este foi particularmente o caso na segunda metade do século XX quando, como resultado das lutas dos povos colonizados contra as potências coloniais européias, a África se tornou um dos laboratórios privilegiados para a reflexão sobre a libertação nacional e os problemas da guerra revolucionária (10), sobre a relação entre racismo e consciência de classe, colonialismo e capitalismo, e entre nacionalismo, pan-africanismo e socialismo. Durante este período, um pensamento revolucionário africano tomou forma em torno da idéia de uma África totalmente liberada, desfrutando de todas as suas capacidades de autodeterminação sem entraves e livre dos laços da vassalagem. É uma África cujo projeto é se constituir como sua própria força, seu próprio centro.
Mas aqui, acima de tudo, dois modelos da revolução anticolonial se chocaram, o modelo gandhiano e o modelo insurrecional argelino (11). Na origem das teses de Fanon sobre violência está a questão histórica de como levar o processo de descolonização africana a uma conclusão bem sucedida. O discurso de Fanon sobre a violência ocorre em uma cena racial na qual a África do Sul e a Argélia são os dois lugares privilegiados de encarnação. Suas considerações sobre a burguesia nacional são moldadas pelo exame das então novas experiências da Guiné e de Gana. A tragédia do Congo serve como uma janela direta a partir da qual ele dá conta da política de poder tão característica das relações internacionais durante a era da Guerra Fria (12).
A África não é apenas o lugar a partir do qual ele pensa. É o próprio assunto de seu pensamento, assim como de sua matéria. E é para a África que este pensamento é dirigido em primeiro lugar. Esta "africanidade" do pensamento de Fanon foi infelizmente perdida de vista, embora a África tenha sido o ponto de partida de sua teoria revolucionária e de sua práxis anticolonial. Sem as reflexões de Fanon sobre a natureza do campesinato, o poder das "massas" ou o potencial revolucionário das classes lúmpen, o trabalho de Amílcar Cabral provavelmente não teria assumido a forma que acabou por assumir (13). Nem as trajetórias da luta armada contra o colonialismo português na Guiné-Bissau, Angola, Zimbábue e Moçambique (14). Em grande parte, as teses do tanzaniano Julius Nyerere sobre um "socialismo africano", cujos atributos fundamentais seriam aldeão (de aldeias) e comunitário, são uma resposta indireta a Os Condenados da Terra (15).
Esta temática camponesa encontrará ecos até na África do Sul (16). Ele sustentará os sonhos de reforma agrária em uma parte da África Austral onde, através da colonização, os negros foram despojados da maior parte de suas terras e congelados em “exércitos de reserva” (17). Após a independência, servirá também como âncora para uma tradição intelectual radical preocupada em encontrar, em lógica social endógena, as alavancas de uma transformação revolucionária (18). Além disso, de Dar Es Salaam a Joanesburgo, via Maputo, esta tradição intelectual contribuirá para uma crítica e revisão do marxismo - uma empresa intelectual cuja história infelizmente está longe de ser escrita, mas que em muitos aspectos prefigura os desenvolvimentos teóricos registrados posteriormente em outros continentes (o caso dos estudos subalternos na Índia ou movimentos indígenas radicais na América Latina) (19). A universalidade do trabalho de Fanon é assim inseparável de sua "africanidade".
Fora da África, Os Condenados da Terra será recebido como um manual de organização e prática revolucionária. Este foi particularmente o caso nas áreas negras dos Estados Unidos e depois na África do Sul, onde, diante da segregação racial, os movimentos de direitos civis se apoderaram dele como de uma Bíblia (20). Suas idéias influenciaram não apenas aqueles que buscavam entender a dinâmica da libertação anti-colonial da época, mas também aqueles que se opunham tanto ao imperialismo americano quanto ao totalitarismo soviético (21), e ele foi o primeiro a ser reconhecido como uma voz autorizada na luta contra o colonialismo.
A segunda idade
A segunda idade de Fanon corresponde à ascensão dos "estudos pós-coloniais" no mundo anglo-saxão nos anos 80. Se Os Condenados da Terra era o livro da era da praxis revolucionária, Pele negra, máscaras brancas é um dos livros de cabeceira da virada pós-colonial do pensamento contemporâneo.
O último quarto do século XX é de fato caracterizado pelo refluxo de qualquer perspectiva revolucionária no mundo. A queda da União Soviética consagra a hegemonia do sistema capitalista, o aparente triunfo da democracia de mercado e uma falta de fôlego do marxismo. A redescoberta da "sociedade civil" demonstra a posteriori o caráter supostamente anacrônico das teorias da guerra revolucionária. As antigas lutas em torno da redistribuição deram um lugar proeminente aos fatores de classe na transformação das relações de poder e na constituição de formas transversais de solidariedade. A "nova questão social" tem agora como questão central o reconhecimento de identidades danificadas. Este novo paradigma dá um lugar privilegiado às questões de diferença e alteridade.
O último quarto do século XX também foi marcado pela irrupção, em vários campos do conhecimento - filosofia, artes e literatura em particular - de novas correntes intelectuais que, ao atacar os postulados eurocêntricos nas Ciências Humanas, terão influenciado a maneira de pensar o mundo, a política, a história e a cultura (22). O pensamento mundial está tomando forma. Ele testemunha, em grande parte, o processo de decodificação do mundo então em curso. O texto fanoniano torna-se uma das passagens obrigatórias dessas novas viagens planetárias de crítica contemporânea. O interlocutor privilegiado que se relê, refuta ou completa. Em campos tão diversos como a crítica literária e artística, a psicanálise e a crítica psiquiátrica (23), os estudos de raça e diáspora (estudos críticos de raça), de diferença de gênero (feminismo, queer), de conhecimento subalterno (estudos subalternos), e até mesmo da circulação contemporânea de todos os tipos de fluxos (cultura pública), redescobrimos Fanon (24). Nós reexaminamos os objetos de suas investigações, o tipo de léxico que ele desenvolveu, seus métodos de análise e a relevância de suas grelhas de leitura nas condições contemporâneas.
O contexto se prestou a isto. A presença cada vez mais visível de minorias raciais na Europa levanta questões sobre a história da presença européia no mundo e a história da presença mundial dentro dela, tanto durante como depois do Império (25). A globalização da migração e a circulação de todos os tipos de fluxos ajudam a desafiar as concepções essencialistas de identidade (26). Os processos de identificação estão sendo cada vez mais compreendidos não a partir de uma perspectiva ontológica, mas através de um sujeito que enfrenta seu desejo. Em todos os lugares, há um interesse renovado na análise das relações temáticas, linguagem e representação. O ceticismo em relação aos postulados da razão transcendental está crescendo em intensidade (27). É dada nova importância à heterogeneidade das temporalidades e à reflexão sobre a natureza da ordem democrática, as condições éticas de convivência e as formas de relacionamento com os outros e com o mundo (28).
A terceira idade
Com o “giro pós-colonial” nas Humanidades, os debates mais controversos sobre o legado e a relevância de Fanon estão ocorrendo na intersecção de raça, sexualidade e psicanálise (29). Por um lado, a preocupação de Fanon com as divisões do eu é assumida e ampliada para demonstrar que toda diferença é, em última análise, uma questão de relacionamento, desejo e ambivalência. Por outro lado, suas teses sobre o poder dos homens e a lei da raça como estruturas elementares da formação do eu em uma situação colonial servem como ponto de partida para uma crítica da ética do tratamento psiquiátrico (30).
Mas este retorno a Fanon também dá origem a muitos mal-entendidos. Este é particularmente o caso no ponto em que Fanon trata de questões feministas e queer (31). Parte da crítica feminista e queer denuncia de fato a homofobia e a misoginia que marcariam o estudo fanoniano da psicossexualidade. Freudiano ou mesmo lacaniano, tal questionamento é cego ao fato de que a relação orgânica entre sexualidade, desejo e raça nunca é questionada no próprio texto freudiano. No entanto, para Fanon, esta relação não é simplesmente analógica. A raça é um objeto completo da mesma forma que a sexualidade ou o desejo, e uma relação co-constitucional liga a raça a cada um destes termos.
Enquanto as críticas pós-coloniais estão se esgotando no mundo anglo-saxão, uma terceira era de Fanon está se aproximando no horizonte (32). Ela é trazida pelas transformações do mundo e sua rebanalização no início deste milênio. Emergindo da descolonização e da Guerra Fria, o mundo entrou em uma nova era, a da contra-insurgência. O campo desta contra-insurgência é planetário. Seu objetivo não pode ser simplesmente o restabelecimento de velhos laços coloniais. Mas ela se baseia nas antigas técnicas da guerra colonial como parte de seus procedimentos (33). Como as guerras coloniais, a contra-insurgência é justificada pelo antigo "dever da civilização". É o caso das técnicas de ocupação militar de estados nominalmente independentes, ou da distribuição da violência sob a forma de prisão ilegal e tortura (34).
O retorno da contra-insurgência vem de mãos dadas com o retorno das lógicas de extração à esfera econômica e das lógicas de corrida à esfera social (35). Historicamente, a raça sempre foi uma forma codificada de dividir e organizar multiplicidades, de fixá-las, de distribuí-las ao longo de uma hierarquia e de distribuí-las dentro de espaços mais ou menos fechados - a lógica do recinto. Este era o caso dos regimes coloniais de segregação. Na era da contra-insurgência, não importa se ela é prontamente rejeitada sob a bandeira da "religião" ou da "cultura", a raça é o que permite identificar e definir grupos de "populações", pois cada uma delas carrega riscos diferenciados e mais ou menos aleatórios.
Neste contexto, os novos processos de racialização visam marcar estes grupos de populações, estabelecer com a maior precisão possível os limites dentro dos quais eles podem circular, determinar com a maior precisão possível os locais que podem ocupar, em suma, assegurar a circulação em uma direção que permita evitar ameaças e garantir a segurança geral. O objetivo é classificar estes grupos populacionais, marcá-los como "espécies", "séries" e "casos" dentro de um cálculo generalizado de risco, chance e probabilidade, para que os perigos inerentes ao seu movimento possam ser prevenidos e, se possível, neutralizados antecipadamente, muitas vezes por encarceramento ou deportação.
A raça, deste ponto de vista, funciona como uma ideologia, um dispositivo de segurança e uma tecnologia para governar multipllicidades. É o meio mais eficaz de abolir o direito no próprio ato pelo qual a lei é supostamente feita.
Uma quarta era?
Como podemos nos surpreender, então, que o nome de Fanon continue a ser escrito no presente e no futuro (36)? Como podemos surpreender-nos, aliás, que esta nova escrita do nome Fanon comece, mais uma vez, com a crítica da violência e termine com a da vida como teste de si mesmo e teste de mundo (37) ? Assumir o sofrimento do homem que luta, descrevê-lo e compreendê-lo de tal forma que desse conhecimento e dessa luta surja um novo homem, tal foi o projeto de Fanon. Para tanto, este buscou, incessantemente, contar o tempo em que a experiência de vida se desenrolou, sua diferença e sua novidade. Era uma consciência histórica particularmente sensível à sua própria inscrição no tempo - sem dúvida, o tempo colonial, o tempo das guerras e o sofrimento que elas geram no nível psíquico, mas ainda mais no tempo do mundo. Desta vez no mundo, o "negro" foi sua figura epifânica, pois no "negro" a própria idéia de raça encontrou seu lugar de esgotamento.
(Tradução e intertítulos de Ana Carvalhaes)
Notas
(1) CHERKI, Frantz Fanon. Portrait, Seuil, Paris, 2000.
(2) Yelles MOURAD, Frantz Fanon et la création poétique, Portulan, n° 3, 2000.
(3) Bulhan Hussein ABDILAHI, Frantz Fanon and the Psychology of Oppression, Plenum, New York, 1985 ; Youssef HANAFY et Salah A. FADL, Frantz Fanon and political psychiatry, History of Psychiatry, n° 7, 1996, p. 525-532.
(4)Voir Nigel GIBSON (dir.), Living Fanon. Global Perspectives, Palgrave Macmillan, Londres, 2011.
(5) Veja-se em particular o famoso prefácio de Jean-Paul Sartre à edição original de Os Condenados da Terra. Veja-se também o prefácio de Homi K. Bhabha para a edição inglesa de Os Condenados da Terra, "Remembering Fanon," New Formations, No. 1, Spring 1987, pp. 118-135. E a mais recente, que acompanha a nova tradução de Richard Philcox. Ver também a revisão da leitura sartreana de Fanon por Judith BUTLER, Violence, Non-Violence: Sartre on Fanon, Graduate Faculty Philosophy Journal, vol. 27, no. 1, p. 200.
(6) No campo acadêmico em particular, ver edições especiais: "Remembering Fanon", New Formations, No. 1, 1987; "After Fanon", New Formations, outubro de 2002; "Pour Fanon", Les Temps modernes, No. 635-636, 2006. Ver também Elo DACY (dir.), L'Actualité de Frantz Fanon, Karthala, Paris, 1986; Maxim SILVERMAN (dir.), "Black Skin, White Masks" de Frantz Fanon. New Interdisciplinary Essays, Manchester University Press, Manchester, 2006.
(7) Cedric J. ROBINSON, Black Marxism. The Making of the Black Radical Tradition, Zed Press, London, 1983 ; William E.B. Du BOIS, The World and Africa. An Inquiry into the Part that Africa Has Played in World History, Viking Press, New York, 1947.
(8) Paul GILROY, The Black Atlantic. Modernity and Double Consciousness, Harvard University Press, Cambridge, 1993 Edição brasileira O Atlântico Negro, São Paulo, Editora 34, 2001 (2ª edição de 2012, com reimpressão em 2019).
(9) Peter J. YEARWOOD, “Undergoing untold hardships?: the native shippers of Lagos and the origins of West African nationalism”, 1914-1920, Australasian Review of African Studies, vol. 27, n° 1, 2005, p. 9-25 ; Edward W. BLYDEN, Christianity, Islam and the Negro Race, Londres, 1880 ; Paul GILROY, The Black Atlantic, op. cit.
(10) Ernesto CHE GUEVARA, The African Dream. The Diaries of the Revolutionary War in the Congo, Harvil, Londres, 2000 ; William GALVEZ, Che in Africa. Che Guevara’s Congo Diary, Ocean Press, Melbourne, 1999 ; Kwame NKRUMAH, A Handbook of Revolutionary Warfare, 1968.
(11) Neelam SRIVASTAVA, ”Towards a critique of colonial violence : Fanon, Gandhi and the restoration of agency”, Journal of Postcolonial Writing, vol. 46, n° 3-4, 2010, p. 303-319 ; Hira SINGH, “Confronting colonialism and racism : Fanon and Gandhi”, Human Architecture Journal of the Soci-ology of Self-Knowledge, n° 5, 2007, p. 341-352.
(12) Um aspecto importante, mas em geral silenciado, do capítulo “Da Violência” de Os Condenados da Terra.
(13) Amilcar CABRAL, Unité et Lutte, Maspero, Paris, 1975 ; Peter WORSLEY, « Frantz Fanon and the “lumpenproletariat” », The Socialist Register, 1972, p. 193-230.
(14) Samora MACHEL, Selected Speeches and Writings, Zed Press, Londres, 1985. Do Zimbabwe, David LAN, Guns and Rains. Guerillas and Spirit Mediums in Zimbabwe, James Currey, Oxford, 1985 ; puis Terence RANGER, Peasant Consciousness and Guerrilla War in Zimbabwe. A comparative Study, James Currey, Oxford, 1985.
(15) Julius NYERERE, Ujamaa. Essays on Socialism, Oxford University Press, Londres, 1977.
(16) Govan MBEKI, The Peasants’ Revolt, Penguin, Londres, 1964.
(17) M, Percy MORE, Fanon and the land question in (post) Apartheid South-Africa, in Nigel GIBSON (dir.), Living Fanon, op. cit.
(18) Osendé AFANA, L’Économie de l’Ouest africain, Maspero, Paris, 1966 ; et,mais tarde, Jean-Marc ÉLA, L’Afrique des villages, Karthala, Paris, 1982 ; Immanuel WALLERSTEIN, The Capitalist World Economy, Cambridge University Press, New York, 1979 ; Goran HYDEN, Beyond Ujamaa in Tanzania. Underdevelopment and an Uncaptured Peasantry, California University Press, Berkeley, 1980.
(19) Dipesh CHAKRABARTY, ”Subaltern history as political thought”, in Vrajendra Raj MEHTA et Thomas PANTHAM (dir.), History of Science, Philosophy and Culture in Indian Civilization. Vol. X, Part 7. Political Ideas in Modern India, Sage, Londres, 2006 ; Fausto REINAGA, La Revolución india, Partido Indio de Bolivia, La Paz, 1969. Voir également Neelan SRIVASTAVA et Baidik BHATTACHARYA, The Postcolonial Gramsci, Routledge, New York, 2011.
(20) Lou TURNER et John ALAN, Frantz Fanon, Soweto, and American Black Thought, Columbia University Press, New York, 1986.
(21) Eric J. HOBSBAWM, “Passionate witness”, New York Review of Books, 22/2/ 1973, p. 6-10 ; Immanuel WALLERSTEIN, “Reading Fanon in the 21st Century”, New Left Review, n° 57, mai-juin 2009.
(22) Simon GIKANDI, “Poststructuralism and postcolonial discourse”, in Neil LAZARUS (dir.), The Cambridge Companion to Postcolonial Literary Studies, Cambridge University Press, Cambridge, 2004.
(23) Ranjana KHANNA, Dark Continents. Psychoanalysis and Colonialism, Duke University Press, Durham, 2003 ; Françoise VERGÈS, “Chains of madness, chains of colonialism: Fanon and freedom”, in Alan Read (dir.), The Fact of Blackness. Frantz Fanon and Visual Representation, Bay Press, Seattle, 1996.
(24) Essa redescoberta de Fanon, porém, assumiu uma forma singular na França, onde, ao contrário do mundo anglo-saxão, sua obra foi por muito tempo marginalizada nas instituições acadêmicas, junto com os "estudos pós-coloniais". Por outro lado, como os de muitos pensadores negros radicais da época, seus textos têm sido, desde meados da década de 1980, objeto de uma reapropriação "autodidata" entre as gerações mais jovens de origem imigrante.
(25) Robert J. C. YOUNG, Postcolonialism. An Historical Introduction, Blackwell, Oxford, 2001.
(26) Arjun APPADURAI, Modernity at Large. Cultural Dimensions of Modernity, University of Minnesota Press, Minneapolis, 1997
(27) Lewis GORDON, Fanon and the Crisis of European Man. An Essay on Philosophy and the Human Sciences, Routledge, New York, 1995 ; Dipesh CHAKRABARTY, Provincializing Europe. Postcolonial Thought and Historical Difference, Princeton University Press, Princeton, 2000.
(28) Paul GILROY, Against Race. Imagining Political Culture Beyond the Color Line, The Belknap Press of Harvard University Press, Harvard, 2000; depois After Empire. Multiculture or Postcolonial Melancholia, Routledge, New York, 2004.
(29) Gwen BERGNER, “Who is that masked woman? Or, the role of gender in Fanon’s Black Skin, White Masks”, PMLA, vol. 110, n° 1, janvier 1995, p. 75-88 ; Diana FUSS, “Interior colonies: Frantz Fanon and the politics of identification”, Diacritics, été-automne 1994, p. 20-42 ; Madhu DUBAY, “The “true lie” of the Nation: Fanon and feminism”, Differences, vol. 10, 1998, p. 1-29 ; T. Denean SHARPLEY-WHITING, Frantz Fanon, Conflicts and Feminisms, Rowman & Littlefield Publishers Inc., Lanham, 1998.
(30) Cristiana GIORDANO, “Translating Fanon in the italian context: rethinking the ethics of treatment in psychiatry”, Transcultural Psychiatry, vol. 48, n° 3, 2011, p. 228-256 ; Olivier DOUVILLE, Y a-t-il une actualité clinique de Fanon?, L’Évolution psychiatrique, vol. 71, n° 4, oct.-déc. 2006.
(31) Judith BUTLER, Bodies That Matter. On the Discursive Limits of “Sex”, Routledge, New York, 1993; Feminism and the Subversion of Identity, Routledge, New York, 1993 ;Leo BERSANI, Homos. Repenser l’identité, Odile Jacob, Paris, 1998 ; et Lee EDELMAN Homographesis. Essays in Gay Literary and Cultural Theory, Routledge, New York, 1994.
(32) Ver o prefácio de Homi K. BHABHA, ”Is Frantz Fanon still relevant?” à nova edição inglesa de Pele Negra, Máscaras Brancas (Pluto Press, 1986). Ler também Nigel GIBSON, ”Relative opacity: a new translation of Fanon’s Wretched of the Earth, mission betrayed or fulfilled?”, Social Identities, vol. 13, n° 1, janvier 2007, p. 69-95 ; e “Is Fanon relevant ? Toward an alternative foreword to The Damned of the Earth”, Human Architecture Journal of the Sociology of Self-Knowledge, Été 2007, p. 33-44.
(33) Derek GREGORY, The Colonial Present. Afghanistan, Palestine, Iraq, Blackwell, Oxford, 2004.
(34) Robert COOPER, The Breaking of Nations. Order and Chaos in the Twenty-First Century, Atlantic Books, Londres, 2003 ; Alastair BONNETT, The Idea of the West. Culture, Politics and History, Palgrave MacMillan, Londres, 2004.
(35) Simone BROWNE, “Digital epidermalization: race, identity and biometrics”, Critical Sociology, vol. 36, n° 1, 2010, p. 131-150 ; Anna M. AGATHANGELOU, “Bodies to the slaughter: global racial reconstructions, Fanon’s combat breath, and wrestling for life”, Somatechnics, vol. 1, n° 2, 2011.
(36) Stuart Hall, ”The after life of Frantz Fanon: why Fanon? Why now? Why Black Skin, White Masks”, in Alan Read, The Fact of Blackness, op.cit.
(37) Achille MBEMBE, Necropolitics, Public Culture, vol. 15, n° 1, 2003, p. 11-40 ; et Sortir de la grande nuit, La Découverte, Paris, 2010. Ver também Paul GILROY, “Fanon and Améry. Theory, torture and the prospect of humanism”, in Theory, Culture & Society, vol. 27, n° 7-8, 2010, p. 16-32; Nelson MALDONADO-TORRES, Against War. Views From the Underside of Modernity, Duke University Press, Durham, 2009.