Organizações anticapitalistas da Rússia, Ucrânia e de países da NATO lançaram um manifesto solidário com a resistência do povo ucraniano e contra o impulso militarista global trazido pela guerra.
Esquerda.net, 22 de Abril, 2022
Leia aqui o texto do manifesto:
A guerra criminosa lançada pelo imperialismo russo contra a Ucrânia é a mais grave ameaça à paz mundial desde o fim da Guerra Fria. Ela torna o mundo mais próximo de uma conflagração global do que em qualquer momento desde as iniciativas de paz de Mikhail Gorbachev.
O principal causador desta perigosa evolução é o imperialismo americano, que aproveitou a queda da União Soviética para consolidar a sua rede militar global, expandir a sua presença em várias partes do mundo e lançar guerras de invasão no Afeganistão e Iraque. Washington fomentou na Rússia e na Europa Oriental a adoção de um brutal programa neoliberal que criou condições para uma deriva de extrema-direita na maioria destes países, especialmente na Rússia onde apoiou o golpe antidemocrático de Boris Ieltsin em 1993.
Sublinhar esta responsabilidade histórica do vencedor da Guerra Fria não exonera minimamente o governo de extrema-direita de Vladimir Putin das suas ambições expansionistas da Grande Rússia, do seu próprio impulso militarista e do seu crescente intervencionismo reacionário global e, sobretudo, da sua invasão assassina da Ucrânia, a invasão mais brutal de um país por outro desde a invasão do Iraque pelos EUA.
Para além da terrível devastação e morte que trouxe à Ucrânia, a invasão russa impulsionou o ímpeto militarista global e revigorou a NATO após anos de obsolescência. Está a ser aproveitada como uma oportunidade para um aumento acentuado das despesas militares em benefício dos complexos militar-industriais. Isto ocorre numa altura em que os próprios governos da NATO continuam a sublinhar que a força da Rússia tem sido muito sobrevalorizada, como provado pela heróica resistência ucraniana, e quando as despesas militares dos EUA, só por si, se aproximam dos 40% do total global, três vezes mais do que as da China e mais de doze vezes as da Rússia.
Como forças anticapitalistas, tanto somos solidários com a resistência do povo ucraniano como nos opomos radicalmente a este impulso militarista global. Por conseguinte, defendemos inequivocamente as seguintes exigências:
- Retirada imediata e incondicional das tropas russas da Ucrânia
- Apoio à resistência ucraniana e ao seu direito de obter as armas de que necessita para a sua defesa a partir de qualquer fonte disponível
- Apoio ao movimento russo antiguerra
- A Rússia deve ser obrigada a pagar indemnizações por aquilo que infligiu à Ucrânia
- Não a qualquer aumento das despesas militares - comprometemo-nos a lançar, assim que esta guerra terminar, uma nova campanha para o desarmamento global, a dissolução de todas as alianças militares imperialistas e uma arquitectura alternativa de segurança internacional baseada no Estado de direito.
- Portas abertas em todos os países a todos os refugiados que fogem de guerras em qualquer parte do mundo
Subscrevem:
Movimento Social (Sotsialny Rukh) – Ucrânia
Bandeira Negra – Ucrânia
Movimento Socialista Russo (RSD) – Rússia
Liberation Road – EUA
Solidarity – EUA
The Tempest Collective – EUA
International Marxist-Humanist Organization – EUA
Green Party of Onondaga County (New York) – EUA
SAP – Antikapitalisten / Gauche anticapitaliste – Bélgica
Midnight Sun – Canadá
Anti-Capitalist Resistance – Inglaterra e País de Gales
Nouveau Parti Anticapitaliste (NPA) – França
Fondation Frantz Fanon – França, Martinique
Elaliberta – Grécia
Rproject-anticapitalista – Itália
SAP – Grenzeloos – Países Baixos
International Marxist-Humanist Organization – Reino Unido