Evelyn Silva, Niterói, 25 de Setembro de 2020
Para a surpresa de absolutamente ninguém, mais um ministro da educação (minúsculo, mesmo) do governo Bolsonaro baseia sua opinião nas iluminações do tiozão do churrasco do grupo de zap da família ao invés de na ciência, na pesquisa e no desenvolvimento do pensamento humano.
Como tudo nesse desgoverno, seria apenas uma caricatura fascistóide, não fosse ele o responsável pela mais importante política pública do país. E não fossem seus delírios teocráticos e controladores dos corpos, um projeto de Estado.
Ao eco das mamadeiras de piroca e masturbação neonatal, mentiras e desqualificações vêm sendo repetidas e reforçadas, no melhor estilo Goebbels, até que se tornem "verdades" ou até que não se saiba mais o que é verdade.
Na contracorrente da evolução da humanidade, é na conta do "desajuste" que o ministro coloca a "opção" sexual. Tomando para si e seus assemelhados ideológicos, a definição do que é uma família ajustada.
Em um país recorde de assédio e violações sexuais de meninas e adolescentes, em grande parte intrafamiliares, o ministro acha que a Educação Sexual erotiza ao invés proporcionar conhecimento e instrumentos de defesa para que crianças compreendam que seus corpos não podem ser violentados por adultos e que canais de denúncia são acessíveis. Podem ser feitas a Professores de Educação Sexual, por exemplo.
Ressucita o conceito de "tolerância" substituindo o que deveria ser uma ação de Estado, a Educação para a Diversidade, por uma escolha individual muito mal embasada. Assim, se determinados indivíduos acharem por bem que não toleram a diferença, podem perfeitamente eliminá-la.
A luta que está colocada diante do retrocesso terraplanista do governo Bolsonaro é entre a civilização e a ignorância como projeto. É de vida e morte.
E a cada vez que o ministro abre a boca para espalhar suas pós verdades, eles ganham. E nós morremos.
Evelyn Silva é membra da Articulação Brasileira de Lésbicas e milita na Insurgência Babadeira, setorial LGBTI da Insurgência.