Insurgência Bahia, 5 de setembro de 2022.
As eleições marcadas para 2 de outubro no Brasil serão as mais difíceis da nossa história recente. O processo que antecede as eleições tem sido marcado por ameaças à nossa frágil democracia, com ameaças de golpe e acusações infundadas de possíveis fraudes nas urnas eletrônicas. Acompanhamos o (Anti)presidente Bolsonaro, sem pudor algum, estimular ataques aos seus opositores e ao sistema democrático no Brasil. Não se deve desprezar em nada o perigo de uma aventura golpista ou de uma chantagem sobre o sistema eleitoral.
Não é, portanto, uma eleição qualquer. É um momento que exige luta e resistência contra um governo de extrema direita com nítida orientação fascista. O discurso racista, misógino, LGBTfóbico e as práticas genocidas e ecocidas não estão só presentes nas declarações de Bolsonaro, mas na política de intolerância, retirada de direitos e morte implementadas por seu (des)governo. Em meio a essa barbárie, a política econômica de Guedes e sua tropa acentuou a níveis alarmantes a desigualdade social e a concentração de renda. Hoje, enquanto há mais de 33 milhões de famintos no país e mais de 125 milhões enfrentam, diariamente, dificuldades para se alimentarem, os 1% mais ricos estão cada vez mais ricos.
Nessa conjuntura, nós da Insurgência, como corrente interna do PSOL, defendemos o apoio à candidatura do ex-Presidente Lula para presidência, para derrotar Bolsonaro nas urnas e reforçar a luta contra o bolsonarismo. O fazemos, ainda, com o entendimento que o PSOL tem seu próprio programa para as eleições e nós defendemos um projeto político para transformar radicalmente a realidade.
O nosso objetivo é derrotar, para ontem, aqueles que representam esses retrocessos, traduzidos pela perda de direitos, a exemplo das contrarreformas trabalhistas e da previdência, do teto de gastos para a saúde e educação, no ataque à liberdade em amplos setores da arte e cultura, na sofisticação e aprofundamento dos processos de criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, na escalada da violência do Estado e das milícias, pelo aprofundamento do processo de militarização das vidas, na intensificação das privatizações de estatais, no sucateamento dos serviços públicos e na extração predatória dos bens naturais.
É fundamental reforçar e divulgar o programa do PSOL - Direito ao futuro! - e nossas propostas em todos os espaços, em nossos discursos, panfletos e nas atividades que participamos. A defesa do programa do PSOL deve estar presente especialmente nos discursos e material divulgado pelas candidatos/as/es. A formação dos Comitês do PSOL com Lula tornou-se um necessário espaço para o debate com o conjunto da sociedade sobre quais são os desafios mais urgentes deste tempo histórico e quais são as alternativas reais e mais profundas de construção de outra sociabilidade. É fundamental que as candidaturas proporcionais e a militância sejam vocalizadoras da nossa política, em todo Brasil e na Bahia.
Essas eleições irão eleger Deputadas/os/es Federais, Estaduais, Senadores/as, além de governadores/as e o novo Presidente da República. Parlamentos mais combativos, com a cara e a voz do povo, serão fundamentais para o processo que virá em seguida ao eleitoral. Teremos muita luta pela retomada e avanço de direitos, em constante enfrentamento ao bolsonarismo, pautando um projeto de país que seja referenciado nas reais necessidades e na garantia de dignidade e qualidade de vida da maioria da população.
Precisamos de parlamentares que possam vocalizar nossas lutas, a serem fortalecidas em nossos territórios, espaços de trabalho, convivência e de estudo.
Na Bahia, a INSURGÊNCIA assume o compromisso de fazer dos Comitês PSOL com Lula espaço de encontros e mobilização de lutadores e lutadoras, militantes e simpatizantes do partido, e de potencialização das nossas candidaturas majoritárias: Vamos juntes com Kleber Rosa Governador e Tâmara Azevedo Senadora! Lula Presidente!
Sobre as candidaturas proporcionais, decidimos valorizar e apoiar candidaturas combativas, advindas dos movimentos sociais e com compromisso com as lutas ecossocialistas, antirracistas, feministas, antipriobicionistas, antiprisionais, anticapacitistas e antiLGBTfóbicas, como as candidaturas a Deputado/a Estadual do camarada Davidson Brito, jovem negro, militante do movimento negro e Presidente do Conselho Municipal de Juventude de Itabuna; e de Eliete Paraguassu, mulher negra, marisqueira, pescadora e quilombola de Ilha de Maré/Salvador, militante há décadas nas pautas socioambientais.
Reforçamos, ainda, a importância de Hilton Coelho enquanto parlamentar combativo e incentivamos as candidaturas de demais camaradas - nomes fundamentais para potencializar e vocalizar o projeto de país e de Bahia que defendemos e construímos - como Jhonatas Monteiro, Marcos Resende, Nega Van Borges, as Pretas pela Bahia e tantas outras candidaturas valorosas do PSOL Bahia. Em relação à disputa na Câmara Federal, valorizamos a militância que colocou seus nomes à disposição do partido e consideramos que candidaturas como a de Carol Lima, Hamilton Assis e Laina Crisóstomo cumprem um papel importante no fortalecimento do partido e na luta do povo.
Estamos há menos de um mês das eleições, desejamos que as candidaturas obtenham êxito ao final desta jornada, mas, mais do que tudo, que o PSOL se fortaleça, se enraize cada vez mais e continue sendo importante instrumento na árdua tarefa de reencantar a política e reorganizar a esquerda no país.
Nessa perspectiva, também conclamamos que, nos próximos dias - seja nas mobilizações do Grito dos Excluídos do dia 7 de setembro, nas mobilizações do dia 10 e das tantas que virão - tenhamos a ousadia de nos solidarizar ainda mais entre nós, de fortalecer nossos diálogos, para conseguir incidir na conjuntura com uma potente resposta à extrema-direita. Os dias em torno da efeméride do bicentenário da Independência devem ser lembrados não pelo golpismo, pela violência dos “de cima” e pelo ódio, mas sim pela resistência popular e não aceitação de quaisquer retrocessos e ataques à nossa memória e ao nosso futuro.
Estejamos fortalecidas, fortalecidos e fortalecides nas urnas e também nas ruas.
Sigamos esperançando!
"(...) que só uma política radical, jamais, porém, sectária, buscando a unidade na diversidade das forças progressistas, poderia lutar por uma democracia capaz de fazer frente ao poder e à virulência da direita. Viviase, porém, a intolerância, a negação das diferenças. A tolerância não era o que deve ser: a virtude revolucionária que consiste na convivência com os diferentes para que se possa melhor lutar contra os antagônicos". (Paulo Freire em Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido)