Contra o etnocídio, o ecocídio e o extrativismo na Amazônia que se agrava com a pandemia da covid-19, movimentos, coletivos, redes, ativistas e organizações de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, seringueiros, caboclos, marrons, campesinos, artistas, religiosos, defensores da natureza, comunicadores, acadêmicos, mulheres, jovens e moradores das cidades amazônicas convocam para a Primeira Assembleia Mundial pela Amazônia, de 17 a 19 de julho.
CPAL Social/IHU-Unisinos, 7 de junho de 2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Amazônia está inundada pelas mortes em suas comunidades, aldeias, povoados e cidades. A covid-19 se enfurece com os chamados “povos da floresta” que sofrem há século com a indiferença, descuido, exploração, extrativismo, racismo e etnocídio. Esta região que é essencial para a estabilidade do ecossistema da Terra vive um ecocídio e terricídio acelerado.
As causas da deterioração da Amazônia são as ações das corporações agroindustriais, as monoculturas, a semeadura de sementes transgênicas, os agrocombustíveis, a mineração legal e ilegal, a extração e derramamento de hidrocarbonetos, a biopirataria, os megaprojetos hidrelétricos e de hidrovias, as linhas de transmissão e rodovias mal planejadas, os organismos financeiros internacionais e seus empréstimos e investimentos, o narcotráfico e o crime organizado.
Os governos do Norte e do Sul, neoliberais e progressistas, incentivam de diferentes maneiras o extrativismo enfraquecendo a Amazônia a nível social e ecológico. Agora, a título de “reativar a economia para sair da crise da covid-19”, os governos da região flexibilizam as disposições legais ambientais, indígenas e sociais para fomentar ainda mais o extrativismo.
A destruição da Amazônia nos aproxima mais do precipício e da hecatombe climática. Sem a Amazônia viva, não haverá futuro para a humanidade.
Muitos estão lutando e resistindo frente a esta destruição. As mulheres da Amazônia são as mais ameaçadas e ao mesmo tempo as mais criativas e resistentes na defesa de seus corpos-territórios.
Os desafios são muito grandes e é urgente e inevitável a unidade na diversidade, com o protagonismo dos povos originários, cuidadores da ancestralidade e do bem-viver.
Frente a esta realidade, movimentos, coletivos, redes, ativistas e organizações de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, seringueiros, caboclos, marrons, campesinos, artistas, religiosos, defensores da natureza, comunicadores, acadêmicos, mulheres, jovens e moradores das cidades amazônicas, nos autoconvocamos à Primeira Assembleia Mundial pela Amazônia, que ocorrerá virtualmente de 17 a 19 de julho.
Nosso objetivo é articular uma aliança ao serviço das plataformas e campanhas existentes, para potencializar nossas ações e impactos na defesa dos direitos humanos, os direitos dos povos indígenas e os direitos da natureza. Buscamos construir um processo em espiral de ciclos de assembleias/ações para somar forças, conciliarmos objetivos e concertar iniciativas de mobilização em torno das propostas que surjam do debate e do consenso.
Com este propósito dedicaremos o primeiro dia de nossa Assembleia para refletir e debater a problemática dos países e da região pan-amazônica, e no segundo dia discutiremos propostas para a ação e enriquecermos três campanhas que estamos construindo:
1. Campanha mundial para enfrentar os graves impactos da covid-19 sobre as populações indígenas, afrodescendentes e toda a Amazônia;
2. Campanha mundial de boicote a produtos, empresas, investimentos, políticas governamentais, acordos comerciais e extrativismos que destroem a Amazônia;
3. Jornadas de mobilização social para deter o etnocídio, o ecocídio e o extrativismo, e salvar a Amazônia que é essencial para fazer frente à mudança climática.
A Assembleia Mundial pela Amazônia ocorrerá virtualmente nos dias 18 e 19 de julho, sábado e domingo, às 15h de Equador, Colômbia e Peru, 16h de Bolívia, Chile, Paraguai, Guiana e Venezuela, e 17h de Brasil, Guiana Francesa e Suriname. Cada dia teremos uma sessão de duas horas e meia, e contaremos com tradução simultânea ao espanhol, português, inglês e francês.
Para participar deste processo e receber o respectivo link do zoom, deve ser preenchido este formulário.
A Primeira Assembleia Mundial pela Amazônia será transmitida pelo Facebook e pelo Youtube.
Mais informações e contato, neste e-mail.