Carolina Fortes em Revista Forúm. 28 de outubro.
A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ) foi vítima de racismo nesta quarta-feira (27) ao ir assistir à pré-estreia do filme “Marighella” no Rio de Janeiro.
“Chegando em casa cansada depois de um longo dia de trabalho. Podia estar contando que foi uma noite feliz, que tive a oportunidade de assistir no cinema a história de um revolucionário. Mas para o jovem negro uma ida ao cinema nunca é só uma busca por lazer. Talvez você precise provar a sua própria inocência para garantir sua vida”, iniciou a deputada no relato feito através de vídeo publicado nas redes sociais.
Dani contou que pediu um lanche na cafeteria Scada Café Botafogo e, após esperar quase 20 minutos apenas para pagar o produto, sentou-se para comer. Ao sair, foi abordada por uma atendente aos gritos, acusando-a de não ter pago.
“Eu tinha pago, eu [fiquei] afirmando que tinha pago, e ela dizendo que não. Tive que chamar a atendente que eu passei o cartão e só então ela acreditou. E ela voltou para o balcão, como se nada tivesse acontecido. Tive que ir lá para demonstrar o quanto o procedimento era bizarro, constrangedor e racista, para ela balbuciar alguma coisa”, disse Dani.
A parlamentar observou o quão inadmissível é passar por essa situação ao ir assistir ao filme de Carlos Marighella, que conta a história do guerrilheiro negro que foi um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar brasileira.
Dani afirmou, ainda, estar “indignada, frustrada e cheia de ódio”. “O dever de toda a pessoa que se diz antirracista é não permitir que uma parada dessas aconteça, que espaços como esse continuem se perpetuando. E olha que eu sou deputada, isso acontece com a nossa juventude todos os dias”.
Após o ocorrido, a deputada entrou em contato com o estabelecimento que, além de não reconhecer o erro, justificou o procedimento dizendo que as pessoas que trabalham no espaço não são racistas, já que há “inclusive funcionárias negras”.
“Vou averiguar o que aconteceu mas com certeza deve ter sido um mal entendido”, disse a cafeteria. “Mal entendido’ histórico esse”, afirmou Dani.
Solidariedade insurgente para Dani Monteiro! Racistas não passarão!
Nossa companheira de lutas Dani Monteiro, militante e deputada da Insurgência no Rio de Janeiro foi vitima de racismo na noite de ontem (27) na cafeteria Scada Café - o episódio ocorreu logo antes da pré-estreia do filme “Marighella”. Deputada estadual pelo Rio de Janeiro, integrante da comissão que julgou os crimes cometidos pelo ex-governador Wilson Witzel - o que deu ao seu mandato mais visibilidade no Estado -, Dani foi acusada sem nenhuma prova e de forma mentirosa e constrangedora de sair sem pagar.
É preciso sempre relembrar que caso não é isolado - não é possível desassociar as origens escravocratas e racistas no país que agrega a maior população de negros fora da África - pessoas que vivem na pele todos os dias a violência racista dia a dia. O passado escravocrata do Brasil é refletido em nossa sociedade hoje: o capitalismo, sociedade baseada na exploração e na apropriação de bens impregna o racismo e práticas advindas dos tempos de escravidão ainda beneficiam a elite no poder e tanto se apropria do poder das classe trabalhadora - em sua maioria de mulheres e negra.
Repetimos em alto som: Nenhum a menos! Vidas negras importam - queremos os nossos vivos e em luta. Estamos cansados de ver corpo negro estampar camisa antirracista, manchetes de jornais relacionados a violência, design crítico de logotipo de supermercados ou outros estabelecimentos, homenagem póstuma ou nome de ONG.
Recordamos a fala de Dani: “O racismo é o crime perfeito. Se adequa e destoa do capitalismo na medida certa. Te nega o direito liberal mais clássico e naturaliza isso de uma forma invejável a qualquer modelo de controle social.”
Nossa luta segue para o fim do racismo, na maquina de extermínio do estado que mata corpos negros como alvo, retira direitos da classe e para que todes possam exercer sua vida com plenitude, livres de toda opressão. Dani muito nos orgulha diariamente nas lutas na ALERJ- que há pouco completou 1000 dias - atualmente como presidenta da Comissão de Direitos Humanos, nas ruas e nos movimentos. Conte conosco, camarada! Racistas não passarão!