O Brasil acumula indicadores econômicos, sociais, sanitários e ambientais que o colocam à beira de um colapso social. Com mais de 14 milhões de desempregados, 5,9 milhões de desalentados e a inflação da cesta básica superando 25% no ano de 2020 devido à alta no preço dos alimentos, a fome e a miséria tendem a assolar parcelas cada vez maiores da população. A esse cenário de crise econômica, soma-se o fim do auxílio emergencial, que significava para muitos dos 64 milhões de brasileiros que o receberam sua única renda.
O país já supera as 220 mil mortes em decorrência da Covid-19. Bolsonaro e equipe levaram Brasil ao triste destaque de pior país a lidar com a pandemia – além de campeão 2020 de destruição ambiental, graças às queimadas e negligências na Amazônia e no Pantanal. Essa combinação explosiva, depois da derrota de Trump nos EUA, agrava o isolamento internacional do governo brasileiro – o que tem consequências concretas na geopolítica da disputa e conquista das preciosas doses de vacina contra o novo coronavírus.
A expressão da pandemia, no terreno doméstico, é potencializada pela política de morte do governo negacionista de Bolsonaro. As consequências catastroficas e letais do comportamento anti-Ciência e incompetente da equipe de Jair puderam ser sentidas em Manaus, onde brasileiros morreram asfixiados dentro de hospitais pela omissão criminosa do governo federal.
O cenário de convergência de crises reacende processos de mobilização pelo impeachment de Bolsonaro. No entando, não devemos subestimar a capacidade do governo Bolsonaro de lidar com as crises em seu governo e disputar a narrativa dos acontecimentos para manter uma base de apoio relevante. Tampouco podemos esquecer que a estrutura de apoio do bolsonarismo nas forças auxiliares (polícias) e em parte das Forças Armadas, que permitiu bravatas e intentonas golpistas em 2020, não foi desmontada.
As tarefas da esquerda neste período devem passar diretamente pela mobilização permanente e impulsionamento de fóruns e frentes em torno de uma agenda da defesa da vacina, da retomada imediata da renda básica e do impechment de Bolsonaro como condição política para a realização de ambas. Trata-se de uma agenda que tem como centro a preservação da vida frente a política de morte do bolsonarismo.
O PSOL já identificava corretamente esses elementos, quando do lançamento da candidatura de Luiza Erundina na Câmara, ao se dispor a apoiar, num eventual segundo turno, a uma candidatura de oposição ou independente. Neste momento, com o crescimento indiscutível da candidatura de Artur Lira, o PSOL deveria reabrir a discussão sobre a pertinência de retirar sua candidatura. Até porque estamos falando de uma movimentação tática e de tática parlamentar e não de princípios ou de estratégia. Essa movimentação não alteraria em nada o compromisso do partido com a luta pelo impeachment e a mobilização popular pelo mesmo. Pelo contrário, reafirmaria a disposição do partido de derrotar Bolsonaro em todos os terrenos.
Em defesa da vida, da vacina e da renda básica! Fora Bolsonaro!