Patrick Aguiar é estudante de Gestão de Políticas Públicas na USP e militante da Insurgência-SP
Minha crítica ao PSOL sempre foi muito clara: é preciso fazer desse um partido popular, um partido que consiga ir além da USP, onde os trabalhadores consigam se encontrar e se enxergar. É preciso fazer do PSOL mais do que a representação de uma classe média com consciência de classe. O PSOL precisa sair de Santa Cecília e chegar a São Miguel, a Guaianases, à Cidade Tiradentes, ao Capão e à Vila Sônia e em tantas outras quebradas dessa cidade.
O PSOL, que nasce da dissidência de parlamentares do petismo, sofre com a sina de todo partido que não resulta da auto-organização da classe: a dificuldade de incorporar em suas lutas aqueles que se diz representar e, nesse sentido, a aliança com Guilherme Boulos pode significar um salto de qualidade em nível nacional.
Juntar movimentos sociais e partidos numa iniciativa conjunta contra o capital é o que podemos fazer de mais potente. E é importante lembrar que nós fazemos política exatamente pra pessoas como as do MTST. Mulheres negras sem teto, domésticas que trabalham praticamente só pra pagar o aluguel, jovens negros que não conseguem estudar por causa das jornadas absurdas nos escritórios de telemarketing, LGBTs expulsas de casa que na ausência de alguém que as socorra, só tem como opção a rua e a prostituição.
Um partido que se proponha revolucionário tem obrigação de ser referência pra estas pessoas. O PSOL tem obrigação de alcançar estas pessoas e convencê-las da luta anticapitalista e é por isso que eu apoio a candidatura do Guilherme, porque ela representa a oportunidade de colocar nas nossas fileiras gente de verdade que tá preocupado com o que vai comer no almoço, que sofre violência policial. Gente de carne e osso, que tem boleto pra pagar, que se vira em 30 pra comprar um ovo de páscoa ou um presente de natal pros filhos.
Eu apoio o Guilherme Boulos porque eu vejo tranquilamente a minha vó votando nele e uma grande tarefa minha de vida é convencer ela, mulher preta, doméstica e dona de casa, que passar pelas coisas que a gente passa não é normal. Eu apoio o Boulos porque não é só o Boulos, porque junto dele vem muita gente que eu quero ganhar pra esse partido, porque a gente pode enfim deixar de ser o partido do centro e começar a pintar essas quebradas de amarelo.