Fortaleza, Janeiro de 2024.
Nós temos direito ao sonho. Vivemos anos intensos com a extrema-direita operando contra nossas vidas: eles destruíram direitos sociais, o meio ambiente e criaram cidades de muros. Em 2022, nós que lutamos junto ao povo os derrotamos nas urnas e elegemos um governo progressista, liderado por Lula. Nossa aposta é de seguir estimulando a mobilização social, sem conciliação de classes, construindo um projeto social com os diversos setores oprimidos e explorados. Em 2024, precisamos seguir em alerta: a extrema-direita deseja voltar ao poder mais agressiva, tomar os municípios e concretizar seu projeto que massacra o povo para enriquecer os ricaços. Nossa resposta não pode ser vacilante: precisamos sonhar ainda mais alto. O sonho alimenta a esperança, que se manifesta como ação: esperançar. Esse é o caminho para consolidar novas vitórias.
Em Fortaleza, as forças do fascismo se organizam para expandir o seu projeto político, oferecendo falsas saídas para a crise social, ao passo que buscam retirar direitos sociais. Esses grupos são contrários aos investimentos do Estado, o que significa serviços públicos mais precários para toda a população. Com suas ações preconceituosas, constrangem e estimulam violências. Exemplo disso são vereadores que invadem espaços públicos para tirar o direito das pessoas trans de usarem o banheiro; os que invadem hospitais de campanha em plena pandemia para constranger os médicos; os que votam a favor de homenagem a quem trabalhou contra o Brasil ou a sujeitos envolvidos com milícias. A vontade deles é transformar nossas vidas em verdadeiros pesadelos.
Se a direita não é um caminho, também não o é a continuidade da gestão atual. Uma gestão que governa para poucos setores privilegiados de Fortaleza. O povo trabalhador não teve vez nem voz. No governo Sarto, a cidade foi entregue aos ricos: prédios enormes contrastam com comunidades sem saneamento e com a população com fome e sem emprego. A passagem de ônibus ficou mais cara enquanto as catracas se tornaram hostis; os Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (CUCA’s) foram sucateados e a cultura funciona com poucos esforços do poder público; a segurança pública é baseada em repressão, criminalizando sobretudo jovens negros e pobres; as periferias foram abandonadas à sua própria sorte. Na ausência do Estado, o que temos é o avanço de facções sobre nossas vidas e territórios.
Um prefeito que diz se preocupar com professores ao passo que retira os direitos dos recém efetivados no município; que destrói e negocia as áreas verdes de Fortaleza e devolve, em pleno colapso ambiental, “xiringadores” na Beira Mar. Sarto não criou nada novo, não avançou nos programas sociais e tampouco melhorou a vida do povo, apenas atestou sua inoperância e compromisso com os mais ricos e o abandono dos mais pobres na nossa cidade.
Do outro lado, Capitão Wagner é a expressão do projeto da extrema direita, que sofremos na pele quando seu padrinho político Bolsonaro ocupou a Presidência para operar contra a nação. Wagner apoiou o golpe de 2016 e também votou contra o auxílio emergencial enquanto Deputado Federal, programa que ajudou a salvar a vida dos brasileiros que, durante a pandemia, estavam em cenário de fome. Agora, quer fazer com Fortaleza o que fez com o Brasil: usar seu cargo para propagar as ideias de quem quer com nossa miséria.
O PT, embora ainda não tenha definido um nome, caminha para apresentar Evandro Leitão como candidato. Sua recente filiação ao partido, assim como outras que ocorreram no último período, representa mais os arranjos de poder entre os grupos que comandam o Ceará do que um projeto político de esquerda. Esses arranjos incluem setores de um amplo espectro político: o agronegócio, os empresários que querem lucrar com empreendimentos do capitalismo verde que afetam comunidades, e aqueles que têm operado a repressão às periferias. Nessa junção, o que se perde é a possibilidade de construir um novo programa, que apresente saídas para os problemas imediatos e para as diversas crises que assolam a humanidade.
Fortaleza precisa de uma alternativa. Não pode abrir mão dos seus desejos em nome de eleger, novamente, uma prefeitura igual ou pior. Eles são os mesmos rostos de sempre: a cara da velha política. Herdeiros do poder, antigos na política e patrocinados pelos barões da cidade. O povo fortalezense precisa poder realizar seus sonhos: ter trabalho e renda; moradia digna em nossas comunidades; ver ampliado o investimento na cultura e o circuito cultural na cidade; tornar a Guarda Municipal humanizada e a segurança pública preventiva; derrotar os empresários de ônibus e garantir que nosso transporte público seja de qualidade e pra todo mundo; ter políticas que contribuam com a transição energética; melhorar nossos postos de saúde para que Fortaleza tenha direito à vida; apostar na educação e nas escolas para transformar nossa cidade.
Para isso, podemos escolher uma professora, jovem, mulher e das lutas que conhece as escolas do nosso município e as dificuldades da grande parcela do nosso povo que não possui direito à cidade. Maya Eliz é pré-candidata à Prefeita de Fortaleza porque caminha ao lado de muita gente. Ela é uma de nós. Representa os interesses dos que nunca foram contemplados com integralidade pela política da nossa cidade e não é uma herdeira política, mas filha de uma mãe trabalhadora como ela, forjada na periferia de Fortaleza.
Maya é graduada em Ciências Biológicas e Doutoranda em Educação. No período da graduação, começou a construir a luta estudantil, discutindo e buscando construir coletivamente soluções aos problemas enfrentados na nossa educação brasileira. Em 2016, ocupou o Departamento de Biologia da UFC contra o desmonte que se avizinhava com a PEC que congelou por 20 anos os investimentos em Educação e na Saúde. Construiu os tsunamis da educação que enfrentou os cortes e as tentativas de privatizar as universidades e resistiu, junto ao movimento LGBTQIAPN+, na ocupação do Centro de Referência Janaína Dutra, sucateado pela gestão Sarto. Onde tem luta, tem Maya.
Como nossa cabeça pensa onde nossos pés pisam, queremos dar a nossa contribuição para a renovação da política em Fortaleza! Apresentar uma pré-candidatura é ser coerente com o que temos construído desde que o PSOL foi fundado. Somos um novo partido contra a velha política. Um partido que tem uma bancada combativa na Câmara Municipal, onde temos frequentemente denunciado as políticas da atual prefeitura, por um lado, e os ataques da direita, por outro. Com nossa bancada de luta, nossas candidaturas à vereança e Maya como candidata à Prefeitura de Fortaleza, vamos fazer história!
Maya pode ser a primeira travesti disputando a prefeitura da capital, um ato de ousadia diante de um dos estados mais violentos contra a população LGBTQIAPN+ no Brasil. Certamente será também uma das mais jovens vozes a se apresentar no Brasil. Pode ser a única mulher a disputar a Prefeitura de Fortaleza nestas eleições; pode ser uma professora ocupando a cadeira para fazer da educação um espaço de garantia de direitos e transformação. Pode ser a concretização dos novos sonhos do povo fortalezense. Mas para isso, é preciso desejar transformar radicalmente as estruturas dessa cidade. Questionar o poder dos que sempre tiveram topo enfrentar os conservadores, defender não só a manutenção mas a conquista de mais direitos. O povo fortalezense merece sonhar mais alto. E o dever dessa pré-candidatura, coletiva de muitas mentes e corações, é construir uma Fortaleza plantada de sonhos. Com ela e o povo no poder, Fortaleza vai ser feliz.