O uso de bombas nucleares esteve frequentemente em cima da mesa após Hiroxima e Nagasáqui. Em questões de bomba nuclear, não ponha as mãos no fogo por Putin nem por nenhum dos detentores da arma.
Francisco Louçã, Esquerda.net, 12 de março de 2022
O uso de bombas nucleares esteve frequentemente em cima da mesa após Hiroxima e Nagasáqui, onde já fora motivada pela afirmação do poder político e não por imperativo militar. Sabe-se que esse risco existiu na crise cubana (1962) e descobriu-se que a hipótese nuclear também foi discutida na Casa Branca em 1972, através da gravação de uma conversa entre Nixon e Kissinger, revelada décadas depois, ao deixar de estar protegida pelo segredo de Estado. Nela, o presidente discutiu um plano para destruir os diques do Vietname:
“Nixon — [o bombardeamento dos diques] ... vai afogar a população? Kissinger — Cerca de 200 mil pessoas.
Nixon — Prefiro usar a bomba nuclear. Compreende, Henry?
Kissinger — Isso acho que seria demais.
Nixon — Porque é que a bomba nuclear o incomoda? Pelo amor de Deus, Henry, quero que pense em grande... O único ponto sobre o qual divergimos é em relação aos bombardeamentos. Você está sempre preocupado com as baixas civis...”
Não houve bomba nuclear. Mas, se a diferença que a pode decidir é o eventual conselho de um subordinado, isto é um susto: então, qualquer autocrata pode tornar-se um carniceiro. Em questões de bomba nuclear, não ponha as mãos no fogo por Putin nem por nenhum dos detentores da arma.