Nos dias 28-30 de agosto, o Fridays For Future mobilizará ações globais pela Amazônia para que possamos exercer pressão nas responsabilidades dos políticos.
Uiara Costa de Andrade, EcoDebate, 28 de agosto de 2020
As ações estão planejadas: serão online e nas ruas (de acordo com as diretrizes locais da Covid-19). As greves e mobilizações serão organizadas em mais de 20 países tais como: Áustria, Bélgica, Brasil, Bolívia, Colômbia, Finlândia, Alemanha, Itália, Nigéria, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Romênia, Espanha, Suécia, Turquia, Uruguai e Venezuela.
A Floresta Amazônica é crucial para que a espécie humana possa prosperar na Terra.
Hoje, aproximadamente 17% da Amazônia já foi desmatada. Se 20-25% de desmatamento for excedido, mais da metade da nossa floresta poderá se transformar em uma savana, levando-nos assim, para um ponto de não retorno. Neste mês de julho, tivemos um enorme aumento dos incêndios na Amazônia, 28% a mais em comparação com julho de 2019.
O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que a pandemia é uma oportunidade de ‘passar a boiada’ e ‘mudar regras enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19’. Além disso, Bolsonaro quer aprovar uma lei que permite o desmatamento em terras indígenas. A terra protegida pelos povos indígenas tem uma biodiversidade maior do que qualquer outra terra na Amazônia. Portanto, também de acordo com pesquisas científicas, proteger os povos indígenas é, ao mesmo tempo, proteger a Amazônia.
“Sem a floresta amazônica, é impossível atingirmos a meta de 1.5 graus! A rápida queima da Amazônia não está apenas ameaçando o clima, a natureza e as espécies protegidas – mas também o lar de populações indígenas que vêm sendo exploradas há décadas. Agora é hora de os tomadores de decisão do mundo finalmente assumirem a responsabilidade” – Alma Andersson, ativista climática sueca do Fridays For Future.
No topo da destruição da Floresta Amazônica, está sendo discutido o acordo comercial Mercosul-UE entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e a União Europeia. Se ratificado, este acordo alimentará a destruição da Amazônia.
“O aumento nas taxas de desmatamento da Amazônia seria uma vitória para o presidente Bolsonaro e um claro sinal de que a União Europeia não se importa com a floresta. Danos consequentes ao meio ambiente e à biodiversidade resultantes deste acordo afetarão o mundo inteiro, portanto isto deve ser levado a sério” – Anna Castro Kösel, ativista climática alemã do Fridays For Future.
“Um ciclo de retroalimentação gera chuvas responsáveis pelo equilíbrio natural da Amazônia, e esse processo depende de árvores protegidas por povos indígenas – os maiores defensores da floresta amazônica. Quando as taxas de desmatamento aumentam, especialmente por causa de um governo brasileiro tão negligente e egocêntrico, esse equilíbrio natural é quebrado e a floresta começa a diminuir, então outro ciclo de retroalimentação assume o controle, já que menos árvores reciclam menos água e menos chuva é gerada para cultivar novas vegetações. Essas mudanças às vezes podem ser irreversíveis e, no caso da Amazônia, grande parte da floresta tropical pode se transformar em uma savana. O acordo UE-Mercosul só vai piorar a situação ” – João Duccini, ativista climático brasileiro do Fridays For Future.
Para assegurar a segurança e bem estar da raça humana para as futuras gerações, nós estamos pedindo à vocês que tomem ações imediatas para salvar os ecossistemas planetários e respeitar as metas do Acordo de Paris. “O Fridays For Future é um movimento de jovens conhecido pelas nossas greves estudantis pelo clima. Nós queremos que os líderes globais dêem ouvidos à união da melhor ciência disponível atualmente, mantenham o aumento da temperatura média global abaixo de 1.5ºC em relação aos níveis pré-industriais e garantam justiça climática e equidade.” – Valentina Ruas, ativista climática brasileira do Fridays For Future.