Governo do Japão poderá tomar a decisão, quase uma década depois do desastre nuclear de 2011. Pescadores locais e países vizinhos estão contra e preocupados com as consequências na vida marinha.
Esquerda.net, 17 de outubro de 2020
O desastre de Fukushima ocorreu em março de 2011, quando um terramoto provocou um grave acidente nuclear na central nuclear de Fukushima.
O Governo do Japão está a caminho de decidir lançar no mar mais de um milhão de toneladas de água contaminada.
A decisão será tomada sob o argumento da falta de espaço para continuar a armazenar água contaminada, que aumenta a um ritmo de 170 toneladas por dia, segundo refere a RTP, citando agências internacionais.
Dois anos para preparar e 40 para lançar a água no mar
Em conferência de imprensa desta sexta-feira, 16 de outubro, o ministro japonês da Indústria, Hiroshi Kajiyama, declarou: “para impedir quaisquer atrasos no processo de desativação, precisamos de tomar rapidamente uma decisão”, em relação à libertação da água.
Segundo o jornal japonês Asahi serão precisos dois anos para a preparação da operação, pois a água contaminada deve passar por um processo de filtração, para depois ser diluída em água do mar e depois lançada no oceano. O processo poderá começar em 2022 e prolongar-se-á por quatro décadas.
A Coreia do Sul já manifestou o seu desagrado com a decisão, considerando que é uma grave ameaça à vida marinha e tem vindo a aumentar a realização de testes a produtos alimentares provenientes do Japão. Também os pescadores locais estão contra a decisão.
A central de Fukushima é gerida pela empresa Tokyo Electric Power Company Holdings, que para enfrentar os danos provocados pelo terramoto e um tsunami em 2011, decidiu passar continuamente água pelos três reatores atingidos, para que estes não derretessem. Em consequência, são armazenadas mais 170 toneladas de água contaminada por dia. Há uma estimativa de que os tanques estarão totalmente cheios em 2022.
O debate sobre a água contaminada de Fukushima decorre há anos, já surgiram outras alternativas, como a evaporação ou o uso de mais tanques de armazenamento noutros locais, mas o governo japonês tem preferido a solução de lançar a água contaminada no mar, apesar dos riscos flagrantes.
O desastre de Fukushima de 2011 continua a ameaçar os povos locais e a ser um exemplo manifesto dos graves riscos das centrais nucleares.