Declaração da IV Internacional frente ao primeiro aniversário da agressão russa contra a Ucrânia. 20 de fevereiro de 2023.
A injustificada e atroz invasão russa da Ucrânia decidida por Putin em 24 de fevereiro de 2022 e a guerra que provocou já causou mais de 100.000 mortos de cada lado, metade dos quais na Ucrânia são civis. O sofrimento daqueles na Ucrânia e na Rússia que perderam familiares e amigos é proporcionalmente imenso, através de crimes de guerra, estupro, sequestro de crianças e bombardeio contínuo de áreas civis por parte da Rússia.
O primeiro dever dos internacionalistas é apoiar e se solidarizar com a resistência do povo ucraniano tanto em sua oposição direta a esta sangrenta invasão quanto na auto-organização social para ajudar a população a sobreviver, com especial apoio àqueles que estão lançando as bases para uma sociedade mais justa no futuro, defendendo políticas anticapitalistas, e para as redes feministas e LGBT.
Milhões de ucranianas têm sido forçados a fugir do país, separando suas famílias e redes sociais, colocando-os em status de refugiados, o que em diferentes países pode significar falta de status permanente, moradia, trabalho ou renda, e colocar um pesado fardo sobre os países vizinhos, cujas populações também se mobilizaram para fornecer apoio material.
Na Rússia e Belarus, aqueles que se opõem à guerra imperialista de Putin são criminalizados. Na Rússia, os desertores do exército e aqueles que ousam protestar abertamente são duramente reprimidos. Centenas de milhares de pessoas também foram forçadas a fugir do país, muitas vezes sem status de refugiado e afetadas por medidas destinadas a punir os partidários do regime russo. Eles também merecem nossa solidariedade.
Os governos ocidentais têm usado a guerra tanto para justificar a espiral inflacionária que está atingindo duramente os trabalhadores, como para aumentar os orçamentos militares, expandir a OTAN e aumentar a retórica da militarização. Denunciamos tanto os esforços para fazer as classes trabalhadoras pagarem pela crise capitalista quanto para usar o sofrimento do povo ucraniano para justificar o aumento dos orçamentos militares.
A única solução duradoura para esta guerra pode ser alcançada através do:
- Fim do bombardeio da população civil e do fornecimento de energia;
- Retirada completa das tropas russas. Que todas as negociações sejam públicas diante do povo ucraniano;
- Direito do povo ucraniano de determinar seu próprio futuro no seu próprio interesse e com respeito aos direitos de todas as minorias;
- Direito de determinar esse futuro independentemente dos interesses da oligarquia ou do atual regime capitalista neoliberal, das condições do FMI ou da UE, com o cancelamento total de sua dívida;
- Direito de todos os refugiados e mulheres deslocadas de retornar com total segurança e direitos;
- Fim de toda a repressão contra os opositores russos à guerra e, se necessário, seu recebimento nos países de sua escolha;
- Desmantelamento de todos os blocos militares: OTAN, CSTO, AUKUS.
Continuamos também a lutar pelo desarmamento mundial, especialmente no que diz respeito às armas nucleares e químicas.
Bureau Executivo da Quarta Internacional