Vivemos tempos de incertezas. Incerteza em relação ao futuro, Incerteza em relação ao trabalho, incerteza em relação aos direitos. Vivemos tempos de incertezas em relação a nossa existência frente ao colapso ambiental, incertezas em relação à vida, em que povos são escolhidos para morrer. O que resta a nós se não lutar?
Vivemos tempos de avanço da extrema direita no mundo e no Brasil, e que a bóia do reformismo parece as vezes ser a salvação. Mas na primeira esquina, a frente única com a direita neoliberal mostra seus limites e contradições: ataque aos direitos trabalhistas, aos serviços públicos e à população que dele mais precisa. O que resta a nós se não lutar?
Já em campanha para governador do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Paes faz questão de mostrar que pode executar a mesma política de Estado mínimo do atual gestor Cláudio Castro. Privatiza a educação, tal como o governador privatizou a água e a CEDAE. Menospreza servidores e o serviço público tal como Castro faz, não à toa ambos aprovaram leis em suas gestões de contratações temporárias em detrimento de concursos públicos. Salários corroídos pela inflação, não pagamento do piso do magistério, parcerias público privadas na gestão pedagógica, privatização de creches e escolas, sucateamento das condições infraestruturais das escolas, perseguição política, criminalização da luta e da greve. Fica difícil distinguir de qual dos dois é esse projeto. O que resta a nós se não lutar?
Trabalhadores da educação da rede estadual em 2023 ousaram fazer uma greve ofensiva pelo direito ao piso nacional e contra o novo Ensino Médio. Trabalhadores da educação da rede municipal estão ousando fazer uma greve para evitar retirada de direitos com o PLC 186, que, se aprovado, irá interferir nas férias, readaptação, desvio de função, licenças, além do tempo a mais de trabalho em sala de aula sem receber nada a mais por isso. O que gera piora na qualidade do ensino e na prestação do serviço público em geral. O que resta aos trabalhadores se não lutar?
Em tempo que o mundo debate a redução da jornada de trabalho como forma de melhora na produtividade e qualidade de vida da classe, Paes e Ferreirinha remam contra a maré querendo aumentar o trabalho sem aumento de salário. Enquanto o Brasil debate o fim da escala 6x1 e que a vida deve ir além do trabalho, eles querem espremer a última gota de suor e lágrimas das educadoras e educadores, até nos adoecer. O que resta a nós se não lutar?
Se o ataque é grave, a saída é a greve. Na história da luta de classes, várias foram as formas de lutas, e todas elas são válidas. Mas é também parando a (re)produção social, os cuidados, o ensino que trabalhadores se fazem ouvir e conquistam direitos. E é também com táticas de ação direta que trabalhadores conseguem frear os absurdos ataques que sofrem, constrangem parlamentares neoliberais e reformistas, tal como a ocupação da câmara provou, chamam atenção da mídia e da sociedade, e evidenciam que o que resta a nós é lutar.
Um salve às trabalhadoras e aos trabalhadores em greve da rede municipal do Rio de Janeiro que, através da luta, educam que nossa única saída é nos organizar.
Insurgência, tendência interna do PSOL, seção da IV Internacional no Brasil
03 de dezembro de 2024