Esquerda.net, 6 de agosto de 2020
Numa altura em que a corrida à vacina contra a covid-19 mobiliza a concorrência de empresas farmacêuticas e governos, a Organização Mundial de Saúde lança um alerta contra o “nacionalismo das vacinas”.
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Numa conferência de imprensa no âmbito do Fórum de Segurança de Aspen, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, deixou claro que “o nacionalismo em relação às vacinas não presta. Não nos ajudará. Quando dizemos que uma vacina deve ser um bem global de saúde pública, não se trata de partilhar por partilhar. Para o mundo poder recuperar mais depressa, tem de recuperar em conjunto”.
E, numa economia globalizada, ainda que haja países que consigam chegar primeiro à vacina e depois a partilhem, será óbvio que “não estão a fazer caridade aos outros, estão a fazê-lo por si próprios, porque quando o resto do mundo recuperar e as economias reabrirem, também beneficiam”.
Para além disso, nesta situação pandémica, “nenhum país estará a salvo, até que todos estejam a salvo”.
Assim, para bem de todos, a vacina deveria ser disponibilizada universalmente como um bem público acrescenta o dirigente.
OMS destaca necessidade de segurança e eficácia nas vacinas
O diretor da instituição para o setor das emergências, Michael Ryan, em resposta a perguntas sobre os anúncios da Rússia a propósito do desenvolvimento da vacina, sublinhou que era importante assegurar que as vacinas a que se chegue sejam seguras e eficazes.
Para este especialista, esta eficácia deve ser alcançada através dos ensaios clínicos tradicionais e não através de estudos de “desafio humano”, uma referência à forma como as autoridades russas estão a expor voluntários ao vírus.
Do lado norte-americano, a corrida à vacina tem outros prazos. Pelo menos de acordo com o seu chefe de Estado. Donald Trump disse que seria possível que uma vacina estivesse disponibilizada no país antes das eleições de três de novembro. Contudo, os peritos em saúde da Casa Branca não concordam que seja possível cumprir tais prazos.