Ser humano acelera a extinção de animais de forma entre 1.000 e 10.000 vezes mais veloz do que a natural. O comprometimento da vida na terra pode levar à extinção do causador: o homem.
Rede Brasil Atual, 20 de setembro de 2020
O método de produção capitalista mostra cada vez mais claros sinais de fracasso em relação às questões ambientais. Ao agir como se não fosse parte da natureza, o ser humano coloca em xeque, também, sua própria existência. É o que aponta mais O GBO-5 da ONU alerta para uma extinção em massa provocada pela sociedade como é organizada. ”Os sistemas vivos da Terra como um todo estão sendo comprometidos. E quanto mais a humanidade explora a natureza de maneiras insustentáveis e prejudica suas contribuições para as pessoas, mais prejudicamos nosso próprio bem-estar, segurança e prosperidade”, disse a diretora-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CBD), Elizabeth Maruma Mrema.
O resultado do GBO-5 da ONU, publicado na última semana, aponta para que, mesmo com discursos bonitos de empresas que afirmam que trabalham para “zerar o carbono”, o mundo está, de fato, piorando. De 20 metas estabelecidas em 2010, em 13 delas a humanidade está mais distante do que nunca de alcançar.
Devastação de formas de vida
A velocidade com que o ser humano extingue espécies de animais se aproxima de um cenário apocalíptico. Algo semelhante a algumas das grandes extinções já estudadas na história terrestre. De acordo com a ONG internacional WWF, o ser humano acelera a extinção de animais de forma entre 1.000 e 10.000 vezes mais veloz do que a natural.
“As decisões e o nível de ação que tomamos agora terão profundas consequências – para o bem ou para o mal – para todas as espécies, incluindo a nossa”, afirma Mrena. E a realidade mostra que as decisões estão mais apontadas para o mal. O Brasil é um exemplo abaixo das piores expectativas. Incêndios em níveis acima de 188% da média em locais como Pantanal e Amazônia, e o descaso absoluto do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Diante do cenário de calamidade, o GBO-5 da ONU propõe um novo acordo, com meta para 2050, entre as nações para frear a extinção em massa de formas de vida na Terra. “O GBO-5 destaca que a ação pela biodiversidade é essencial para lidar com as mudanças climáticas, segurança alimentar e saúde em longo prazo. O momento de agir em todas essas questões é agora: a comunidade global deve aproveitar a oportunidade para se reconstruir melhor da pandemia da COVID-19 a fim de reduzir o risco de futuras pandemias”, relata, em nota, a ONU.
Números do GBO-5 da ONU
- Apenas 33% das pessoas que vivem nos países com maior biodiversidade têm alta consciência tanto dos valores da biodiversidade quanto das etapas necessárias para sua conservação e uso sustentável.
- 91 países aplicam padrões globais para integração do meio ambiente na contabilidade nacional – quase o dobro do número de 2006. Mas ainda menos da metade dos 193 países que integra as Nações Unidas.
- US$ 500 bilhões correspondem à soma dos subsídios governamentais que potencialmente causam danos ambientais. Algo próximo de 1% do PIB mundial.
- Precisaríamos de mais 1,7 “planeta Terra” para repor os recursos biológicos usados pela humanidade entre 2011 e 2016
- 33% Redução nas taxas globais de desmatamento comparando os últimos cinco anos com as taxas da década até 2010.
- 66% Proporção de populações de peixes marinhos em 2017 capturados em níveis biologicamente sustentáveis, em comparação com 71% em 2010, com uma grande variação entre regiões e populações.
- 163 milhões Número de fazendas praticando intensificação sustentável (29% do total mundial).
- 453 milhões de hectares de terras agrícolas (9% do total mundial).
- 260.000 toneladas Peso das 5,25 trilhões de partículas de plástico estimadas nos oceanos do mundo.
- ~ 200 Erradicação de mamíferos invasores nas ilhas desde 2010, beneficiando cerca de 236 espécies terrestres nativas, incluindo 100 espécies altamente ameaçadas de pássaros, mamíferos e répteis, como a raposa da ilha e o pássaro Seychelles Copsychus sechellarum.
- + 60% Proporção dos recifes de coral do mundo que estão ameaçados, especialmente devido à sobrepesca e à pesca destrutiva.
- 43% Área das principais áreas de biodiversidade cobertas por áreas protegidas, contra 29% em 2000.
- 28-48 Número estimado de espécies de aves e mamíferos cuja extinção foi evitada por meio de ações de conservação desde 1993, quando a CDB entrou em vigor, incluindo 11-25 espécies desde 2010.
- 1.940 Número de raças locais de animais domésticos consideradas em risco de extinção, de um total de 7.155. Outras 4.668 raças estão em status de risco desconhecido.
- 164 Número de países que reconhecem explicitamente os direitos das mulheres de possuir, usar, tomar decisões e usar a terra como garantia para empréstimos em igualdade de condições com os homens.
- 27 milhões de hectares de terras em atividades de restauração: apenas 2% do potencial estimado.
- 125 Número de Partes do Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e Repartição Justa e Equitativa de Benefícios. 87 Partes têm medidas de “acesso e repartição de benefícios” em vigor e estabeleceram autoridades nacionais competentes.
- 69 Número de países com Estratégias Nacionais de Biodiversidade e Planos de Ação (NBSAP) adotados como instrumentos de política governamental.
- 40 Número de Partes que envolveram comunidades indígenas e locais na preparação de seus NBSAPs.
- 1,4 bilhão Número de registros de presença de espécies que podem ser acessados gratuitamente por meio do Global Biodiversity Information Infrastructure (GBIF), sete vezes mais do que na última década.
- US$ 9,3 bilhões Valor total do financiamento público internacional anual para a biodiversidade – o dobro da década anterior, dos quais US$ 3,9 bilhões têm a biodiversidade como foco principal.