Ariel Matos, militante da Insurgência Sergipe
“Se acostume, a direta agora está assim, tinha até trans lá na convenção, disseram que não é nem direita e nem esquerda, é democrático” - Ouvi a seguinte frase em um terminal de ônibus de uma pessoa LGBT+.
A política moderna tenta a todo custo cooptar identidades trans e travestis nas eleições levantando bandeiras da diversidade, mas esconde a face dos momentos em que vota favorável em projetos de Lei que criam políticas conservadoras, e nos priva de cidadania, ou se ausenta de criar ações que sejam eficazes, deixando inexistente no orçamento público ações que impulsionem as pessoas LGBT+ a saírem da invisibilidade, situações violência e exploração.
Se utilizam da vulnerabilidade de um grupo como uma massa de manobra, essa massa tenta a todo custo se deslocar para sair da vulnerabilidade. Algumas pessoas trans e travestis se sujeitam a certas relações para acessar o mínimo de recursos materiais tentando mais que (R)existir, mesmo que isso custe a cidadania coletiva em prol de construções em projetos privados e próprios. Será que essa política partidária é mesmo democrática, ou meritocrática?
Atentem-se.
No final a história se repete, quem tá no topo faz de tudo para se manter, ao longo dos anos foram minando a força sindical, quem continuou nas trincheiras foram as pessoas que defendem as pautas que parte da esquerda diz que são identitárias, sabemos que não há luta maior que a outra, somos travessias que também se encontra na exploração do trabalho das maiorias minorizadas, necessários para a manutenção do exército industrial de reserva e neocapitalismo ultraconservador.
Os partidos de centro e direita ou centro direta, que agora precisam dialogar minimamente com pessoas trans e travestis para ganhar força e capital político de todos os segmentos da sociedade, escondem, na verdade, a face oculta da manutenção da ordem do estado capitalista e moral burguesa.
Essa cooptação favorece para que líderes cis, brancos, héteros não disputem visualmente com outras pessoas trans e travestis, mas que eles tenham pessoas trans do seu lado para utilizar como um escudo discursivo, agora o embate não é mais de cis e trans, ele se faz entre trans de direita/centro ou trans de esquerda, o que está em jogo não é a imagem, mas o discurso e o projeto de sociedade. Novamente brincam com nossos corpos em um pacto narcísico da cisheterobranquitude classista.
Atentem-se!
Vigilantes!
A estrutura tenta lhe cooptar e movimentar contra os seus e a coletividade.
O quanto se recebe para estar em locais políticos que não coadunam com nossos corpos e corpas não vale a vida, a cidadania e a coletividade.