11 de março de 2024. Bloco de Esquerda em Esquerda.net
Eleição legislativa no país foi marcada pela derrota do governante Partido Socialista e pelo crescimento da extrema direita
A reação aos resultados das legislativas por parte da coordenadora do Bloco de Esquerda foi feita numa altura em que “ainda não é totalmente clara” a situação parlamentar, dada a curta distância entre PS e PSD que pode ser alterada com os votos da emigração.
Mariana Mortágua afirmou que a virada à direita que resulta das eleições deste domingo “é o reflexo do fracasso de dois anos de uma política desastrosa da maioria absoluta do PS”.
Mas apesar desta viragem, sublinhou que “o Bloco resistiu e aumentamos em votos, cerca de 30 mil. Manteve-se firme nestas eleições, mantemos todos os mandatos”. E é com essa força que “seremos parte de qualquer solução que afaste a direita do Governo”, prosseguiu.
Nesta eleição, o Bloco voltou a eleger dois deputados em Lisboa (Mariana Mortágua e Fabian Figueiredo) e no Porto (Marisa Matias e José Soeiro) e reelegeu Joana Mortágua em Setúbal.
“Quero que o povo de esquerda saiba que terá no Bloco a oposição mais combativa à direita”, afirmou a coordenadora bloquista, prometendo contribuir para “erguer uma alternativa à esquerda para defender o nosso povo”.
Legislativas resultam em virada à direita
Numa eleição onde participaram cerca de dois terços dos eleitores inscritos, o resultado final saldou-se num crescimento da direita, apesar de a AD (incluindo a coligação PSD/CDS na Madeira) ter uma vantagem curta sobre o PS. A subida do Chega marcou esta eleição, ao triplicar o número de votos que obteve em 2022 e ultrapassar a faixa do milhão de votos e 18%. O PS perdeu quase meio milhão de votos, passando de 41,74% para 28,6%, enquanto a AD (incluindo a coligação PSD/CDS na Madeira) caiu mais de um ponto percentual em relação aos resultados dos seus partidos em 2022, para os 29,5%. A IL obteve 5,08% (4,65% em 2022), o Bloco manteve os 4,46% da anterior eleição, a CDU caiu um ponto para os 3,3% e o Livre obteve 3,26%, quase o triplo de há dois anos. O PAN conseguiu 1,93% (1,47% em 2022).
No que diz respeito aos mandatos, ainda com quatro deputados dos círculos da emigração por atribuir, o PAN fica com um lugar no Parlamento, o CDS dois, o PCP quatro, o Livre quatro, o Bloco cinco, a IL oito, o Chega 48, o PS 77 e o PSD também 77.
Nos resultados por círculo eleitoral, a AD venceu no Porto por apenas mil votos de diferença em relação ao PS e ficou em vantagem também em Leiria, Aveiro, Guarda, Viseu, Bragança, Vila Real, Braga, Viana do Castelo, Açores e Madeira. O PS venceu em Lisboa, Setúbal, Beja, Évora, Portalegre, Santarém, Castelo Branco e Coimbra. O Chega vence no distrito de Faro, ficou em segundo em Setúbal, Beja e Portalegre e só não elege deputados em Bragança.
Numa primeira reação aos resultados ainda por fechar, a dirigente bloquista Joana Mortágua, que foi reeleita em Setúbal, afirmou que eles “confirmam uma virada à direita”, em resultado de uma “avaliação negativa daquilo que foi a maioria absoluta do PS, que também fazemos”. Quanto ao resultado do Bloco, ao manter o grupo parlamentar e subindo a votação em relação a 2022, “é um sinal de que há uma confiança no Bloco para aquilo que der e vier: seja para vir a formar uma maioria ou para ser uma oposição determinada e feroz à direita”.
Na sua declaração na noite eleitoral, o lider do PS reconheceu ser muito difícil inverter a distribuição de deputados com os votos na emigração e preferiu reconhecer a derrota e passar à oposição. Pedro Nuno Santos voltou a prometer que não votará moções de rejeição a um futuro governo da AD. “O PS nunca deixará a liderança da oposição a André Ventura”, prosseguiu. E acrescentou: “Que fique claro que não somos nós que iremos suportar um governo da AD”.
Na reação do líder do PSD, quando questionado se mantinha o seu “não é não” a um entendimento com o Chega, Luís Montenegro reafirmou essa promessa de campanha e afirmou esperar que Marcelo Rebelo de Sousa o indigite para formar governo.