Redação de Esquerda.net, 01 de janeiro de 2022.
No relatório publicado esta terça-feira, Anistia Internacional conclui com um apelo ao Tribunal Penal Internacional, que investiga a repressão nos territórios ocupados, a considerar o crime de apartheid por parte de Israel.
“O nosso relatório revela a verdadeira dimensão do regime de apartheid de Israel. Quer vivam em Gaza, Jerusalém Leste, Cisjordânia, ou mesmo em Israel, os palestinos são tratados como um grupo racial inferior e sistematicamente privados dos seus direitos”, diz o documento apresentado esta terça-feira.
O documento expõe uma vasta lista de abusos perpetrados por Israel, do confisco de terras e casas às execuções extrajudiciais, da restrição de movimentos à negação de nacionalidade e cidadania, tudo elementos que somados configuram um regime de apartheid à luz da lei internacional.
Na apresentação do relatório, que você acessa clicando aqui, a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou que “as políticas cruéis de Israel de segregação, expropriação e exclusão em todos os territórios sob o seu controlo equivalem claramente a 'apartheid'. A comunidade internacional tem a obrigação de agir”.
“Não há justificação possível para um sistema construído à volta de uma opressão racista institucionalizada a milhões de pessoas. O ‘apartheid’ não tem lugar no nosso mundo e os Estados que optam por fazer concessões a Israel estão no lado errado da História”, sublinhou.
O relatório aponta que desde o início, “os sucessivos governos israelitas consideraram os palestinianos uma ameaça demográfica e impuseram medidas para controlar e diminuir a sua presença e acesso à terra em Israel e nos territórios ocupados” até hoje. Além disso, “as autoridades israelitas tratam os palestinianos como um grupo racial inferior e definido pelo seu estatuto árabe e não-judeu”, uma discriminação racial inscrita em várias leis.
Além de apelar ao governo israelita que “desmantele o sistema de ‘apartheid’ e comece a tratar os palestinos como seres humanos com direitos iguais e dignidade” e ponha fim “à prática brutal de demolições de casas e despejos”, a Amnistia Internacional defende que devem ser “dadas reparações plenas” às vítimas da repressão.
A Anistia Internacional exige ainda “uma mudança drástica” na forma como os outros países lidam com o apartheid israelita, por uma resposta internacional que não se limite “a condenações brandas e equívocos”.
Em resposta à divulgação do relatório, o governo israelita acusou a Anistia de “não ser uma organização de defesa dos direitos humanos, mas uma organização radical”. Para Yair Lapid, o ministro dos Negócios Estrangeiros do país, “não gosto de dizer que se Israel não fosse um Estado judeu, ninguém na Amnistia ousaria atacá-lo, mas não vejo outra explicação”.