Esquerda.net, 15 de agosto de 2020
Joerg Hofman, dirigente do maior sindicato alemão, o IG Metall, propôs este sábado a abertura de negociações com a vista à redução dos dias trabalhados por semana para quatro. Em entrevista ao diário Sueddeutsche Zeitung, citada pela Reuters, o sindicalista declarou que “a semana de quatro dias… poderia tornar possível manter os empregos na indústria em vez de acabar com eles”.
O IG Metall representa 2,3 milhões de trabalhadores dos setores da indústria metalúrgica e eletrónica. É não apenas o maior sindicato alemão mas também um dos sindicatos mais influentes da Europa. A sua influência não se esgota nos setores que representa, as suas posições têm poder negocial forte face ao governo alemão e influenciam vários outros sindicatos.
A proposta da semana dos quatro dias de trabalho chega numa altura em que este sindicato estima que, só nos setores que abrange, há à volta de 300 mil empregos em risco. A crise gerada da pandemia soma-se à aposta nos carros elétricos que se prevê que acabe com dezenas de milhares de empregos.
Para Hofman, este corte no tempo trabalhado “não deve necessariamente” levar a cortes salariais simétricos. Os trabalhadores não os conseguiriam suportar e as empresas terão mais interesse em cortar em dias de trabalho do que em mandar trabalhadores para lay-off ou despedi-los. Assim, assegurariam a manutenção de uma força de trabalho qualificado e cortariam até custos redundantes.
Hofman apelou ainda à extensão do atual sistema de apoio ao trabalho a tempo reduzido de 21 meses para 24 meses. Neste sistema, o Estado alemão apoia as empresas que podem assim reduzir temporariamente o horário de trabalho. 5,6 milhões de pessoas estão correntemente a trabalhar neste sistema criado como forma de lidar com a pandemia da covid-19.