Esquerda.net, 28 de julho de 2021
A Tunísia atravessa a maior crise política desde 2011, segundo o jornal Público. O Presidente Kais Saeid decidiu afastar o primeiro-ministro, Hichem Mechici, e suspendeu o Parlamento durante 30 dias. O maior partido representado no Parlamento, o Ennahdha, denunciou tentativas de “golpe de Estado” e os confrontos continuam nas ruas.
Mesmo com um forte dispositivo militar na via pública, centenas de pessoas manifestaram-se junto ao Parlamento, na capital, a favor e contra a decisão de Saeid. O maior momento de tensão aconteceu quando Rached Ghannouchi, presidente do Parlamento e do Ennahdha, foi impedido de entrar no edifício.
De acordo com a Reuters, a polícia encontrou sérias dificuldades em conter os manifestantes quando estes começaram a atacar os políticos que tentavam entrar no Parlamento, com o arremesso de pedras, garrafas, entre outros objetos.
A União Europeia, as Nações Unidas, a Liga Árabe, os Estados Unidos, a Turquia, a Arábia Saudita e a França, entre outros, já mostraram a sua preocupação face ao que está a acontecer na Tunísia.
Depois de vários meses de tensão entre Saeid e Gannouchi, o Presidente, que é independente, decidiu retirar o primeiro-ministro do poder e suspender o Parlamento. Saeid referiu que “estamos a atravessar um dos momentos mais delicados na História da Tunísia”, justificando que são “decisões necessárias” com o objetivo de “salvar a Tunísia, o Estado e a população”.
Outra das decisões tomadas por Saeid foi decretar o recolher obrigatório e a proibição de viagens entre cidades, das 19h às 6h, até ao final de agosto, tal como a proibição de ajuntamentos de mais de três pessoas.
A Tunísia vinha sendo apresentada como um "caso de sucesso" após as revoltas da Primavera Árabe, em 2011. Mas desde então já teve nove governos devido a instabilidade política derivada do alto nível de desemprego e da escassez de infraestruturas básicas.
A juntar isto, a Tunísia sofreu um grande impacto da pandemia da Covid-19 que acentuou as crises já existentes e expôs a incapacidade do governo.