Não há transformação real da sociedade sem que as corpas e vidas travestis e transexuais estejam em pé, em movimento, em luta! Visibilizar a travestilidade e a transexualidade como experiências plenas e potentes significa contribuir com um mundo radicalmente comprometido com a liberdade e a vida de todes nós.
Os tempos que vivemos têm sido cada vez mais duros para pessoas trans e travestis no Brasil. Não bastasse o governo perverso de Jair Bolsonaro, que escolheu pessoas LGBTI como inimigas a serem eliminadas, também vivemos uma das piores pandemias da história recente da humanidade. A COVID-19 e a resposta genocida do Palácio do Planalto precarizaram ainda mais as condições de vida, trabalho, moradia e existência de pessoas trans e travestis: muitas foram expostas a experiências violentas no confinamento em casa, ao desemprego, à fome, à violência nas ruas. E os reflexos da necropolítica bolsonarista se refletem no aumento dos assassinatos de pessoas trans, que voltaram a crescer em 2020, sagrando o Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais no planeta.
Ao mesmo tempo, ainda que contraditoriamente, as eleições de 2020 elegeram o maior número de parlamentares travestis e transexuais da história do país. Nossas queridas Linda Brasil, Erika Hilton, Benny Briolly ocuparam o topo da lista de votos recebidos em suas cidades. Elegemos também Carolina Iara, Anabella Pavão, Samara Santana, Duda Salabert e muitas outras camaradas, que ajudam a ampliar as vozes de mulheres trans dentro e fora do parlamento. No entanto, a visibilidade das existências trans em luta tem intensificado uma reação fascista e violenta: muitas de nossas camaradas recém-eleitas já foram ameaçadas de morte, desde o momento que foram eleitas. Só nesta semana, Erika Hilton teve seu gabinete invadido e Carolina Iara teve a casa alvejada. Não apenas elas, mas também as deputadas estaduais Robeyoncé Lima (PSOL PE) e Erica Malunguinho (PSOL SP) são constantemente violentadas dentro e fora das redes sociais, numa combinação não apenas de transfobia mas também de misoginia, racismo e xenofobia. A tentativa de restrição de suas atuações parlamentares merece ser fortemente repudiadas: as condições de segurança e amparo político às nossas camaradas trans e travestis precisam ser garantidas. Já perdemos o mandato de Jean Wyllys para a LGBTIfobia e nossa amada Marielle Franco para a violência feminicida. Não aceitaremos nenhume de nós à menos. Nos queremos vives!
Neste 29 de Janeiro, Dia da Visibilidade Trans, a Insurgência reivindica a luta histórica e corajosa de mulheres trans e travestis. Lutamos para que seu espaço na política seja garantido, contra todo tipo de violência. Precisamos fazer avançar a luta pela despatologização das identidades trans. Só a luta anticapitalista poderá construir as bases para uma sociedade livre da opressão machista, racista e transfóbica.
Viva a visibilidade trans!
Viva as vidas trans e travestis!
Nos queremos vivas, livres, seguras, em luta!
Insurgência Babadeira é o setorial LGBTI da Insurgência, tendência interna do PSOL